quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Linhas no escuro

Eu não tenho um sonho
Eu não tenho uma meta
Eu só tenho passos firmes
Rumo a lugar nenhum

Eu não tenho casa
Eu não tenho carro
Eu só tenho alguns trocados
O que nesse mundo já me fazem rico

Eu não tenho felicidade
Eu não tenho tristeza
Eu só tenho esse sorriso moribundo
E essas lágrimas secas

Eu não me tenho
Eu não te tenho
Eu só tenho uma saudade que te leva,
E que sempre volta a mim sem você

Eu não tenho cansaço
Eu não tenho suor
Eu só tenho essas cicatrizes
Agora todos sabem por onde andei

Eu não tenho platéia
Eu não tenho aplausos
Eu só tenho alguns fracassos
E uns sucessos só meus

Eu não tenho deuses
Não tenho religião
E por isso meu coração
Bate vazio e sem porquê

Eu não tenho fé nas pessoas
Não tenho nada e nem espero
Pois todos perguntam o que eu tenho
Mas nunca saberão o que eu quero.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sem canção, sem bordão, sem paixão

Fazendo agitação mas morrendo de medo
Adoro quando você caminha mais rápido que eu
E eu tenho seu gingado a meu dispor
A segurança dos seus passos me assusta
Eu provo a minha insegurança e gosto
Quebrando o cheiro azedo da minha soberba

E mesmo me escondendo por trás
Da cortina poluída do meu orgulho e
Da fumaça densa do meu cigarro
Eu tenho que admitir que seu jardim floresça mais rápido que o meu
Mas o que realmente me envergonha é que
Você não está no céu por isso
E nem me olha por cima

Eu estou contemplativo hoje
Em busca de uma inspiração que seja
Ouvindo a solidão do som da minha respiração
E quanto mais tento fugir do clichê e da perfeição
Mais me aproximo deles

O que um tem haver com o outro é que
O clichê é perfeito aos ouvidos
Agrada a todos de certo modo
É ideal, é perfeição.

O que o outro tem haver com o um?
Não há nada mais clichê que tentar ser perfeito
E mais, não há nada mais clichê que dizer
Que a perfeição não existe
Ela existe sim, só não está em você...
Nem em mim.

Exceto os relâmpagos e as nuvens carregadas de ódio e... água
O dia sim é perfeito, perfeito pra competir com seus beijos
E provar que eu sou mais idiota que você
O que há de poético em se foder?
É isso o que eu quero saber
Cigarros e álcool já não fazem o mesmo efeito
Então vamos tentar de novo
Sem canção, sem bordão, sem paixão

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Náufrago

Escreva sobre a vida
Fale comigo sobre ela.
Me explique sua arte de deslizar por aí,
E nunca dar o melhor de si,
E nunca se importar com o próximo passo.

Desenhe imagens sobre o amor
E faça-me senti-lo.
Não quero mais ouvir seus passos frios
Depois de me tocar sutilmente,
E meu coração se aquecer instantaneamente

Enquanto você dormia e sonhava
Que dançava sem música,
Me fazia imaginar o que quisesse.
Ouvindo apenas o som dos meus passos,
E tendo medo que o som cansado da minha respiração
Quebrasse seu sono.

Eu não queria acordar e ver
Seu olhar delator sobre mim,
Acusando os erros que cometi
Enquanto naufragávamos no nosso mar de suor
E volúpia.

Agora que estou livre do que você é
Por favor, me diga:
Por quanto tempo eu naveguei no seu mar de mentiras?

sábado, 2 de outubro de 2010

Florescendo

Outubro,
Folhas e flores novamente
A vida se abre
Em milhões de cores, formas
E oportunidades.

O choque do raio enfraquece
O veneno frio se dissipa
Mas nunca acaba...
A primavera está contaminada
E nós estamos vulneráveis ao amor...

Pena que seja só outubro, novembro, dezembro...
Pena que a primavera seja só uma estação
E que a vida como um trem circular
Apenas passe por ela
Passe mais devagar, mais sublime, mais bonita,
Mas apenas passe.

Esse é o tempo
Eu estou pronto
Desenterre sua alma
E deixe-a voar comigo
O céu brilhante da primavera
Será eterno essa noite

Para o amanhã incerto
Apenas guarde uma estrela e uma canção
Agüente firme quando o frio chegar
Talvez meu mundo caia antes de você acordar
E você não me verá ao seu lado pela manhã
Não tente regar com suas lágrimas
As flores que caírem secas no chão.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Contemplativo

Minhas unhas sujas ferem as cordas
Que ainda não foram arrebentadas
Enquanto meus olhos vazios e deslumbrados
Fitam o horizonte
À procura de um futuro para nós
Em algum lugar
Onde meu coração cansado repouse.

É difícil acreditar
Que alguma coisa vai mudar
Se nada mudou dentro de nós
Se a certeza é de que o sonho
Já não é tão certo,
Com a certeza de que não
Sonharei esta noite,
Mas o azul ainda é
Complicado e delicado.

Sinta-se em paz
Sinta-se em casa
Faça você mesmo sua trégua
Viva os momentos longe da sua guerra
Carregue consigo o amor
Que eu deixei para trás
Tenha a vontade que me falta
Sinta o medo que eu sempre ignorei
Tenha sempre o que perder
Isso é um sinal de vida
Seja jovem a vida inteira
Não jogue sem tempo fora.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Viajando...

No balanço do trem buscamos equilíbrio
No balanço da vida destruir o vício
De balançar sem sair do lugar
De deslizar para lá e para cá.
Todos à procura de conforto
Alguns a procura de algo novo
Enquanto queremos viver para sempre
Enquanto o sempre enferruja com o tempo

Alguns esperam o retorno de um deus
Outros retornam a ele
Todos procuram se salvar
Do inferno que está em seus corações
Da maldade que completa nossas almas
Pois sem maldade não somos humanos

Somos competidores por essência
Somos hipócritas pela competição
Somos cristãos por hipocrisia
Somos cegos por religião
Eu não acredito na humanidade
Não acredito no que ela acredita
Mas acredito nos nossos
Puros sentimentos infantis
E na fé cega mas sincera
De que tudo vai ficar no lugar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Wonderwall

Alma vazia, cabeça cheia,
Vista escura presa na teia,
Meus questionamentos,
Minha blasfêmia que incendeia
Minha mente que não tem
Mais nada para queimar
E é em tempos como esse
Que agente colhe
Os frutos das sementes
Que agente escolhe
Que agente alimenta
E ensina a andar,
De gente que agente
Aprende a amar.

E se tudo o que eu conheço
Desabasse esta noite?
Derretesse e se danificasse
Pelo calor do ódio
Tudo o que eu teria era sua paz
E seus olhos certos da vitória
A qual eu confio e
Persevero só por estar com você.

Em qualquer lugar é nossa casa
O inferno está lá fora
E agora somos só nós dois
Acreditando no amor
Enquanto vemos o mundo arder pela janela.

domingo, 12 de setembro de 2010

A falta

Você me faz pirar
Eu não posso mentir
E é tão incrível como eu te quero de longe
Você fez falta,
Você faz falta,
E eu pensando em te esquecer insistentemente e
Soletrando incessantemente
I-N-E-S-Q-U-E-C-Í-V-E-L.

Cada letra, cada caractere
Iniciam palavras e momentos que me lembram você
E eu viajo no tempo
Nesse acróstico imperfeito
E implacável
O peito aperta, a saudade é certa
E a vontade de ouvir sua voz
Me faz perder a razão

Telefonemas, mensagens eletrônicas
Não tenho assunto, apenas pelo som da sua respiração
e os eternos instantes
Entre a sua primeira palavra e a minha primeira palavra
A seção de arrepios que sua voz me traz
Eu não estava em paz quando você chegou
Mas foi você quem me trouxe o caos
E me pôs em chamas novamente.

Eu tinha você de perto
Hoje tenho saudades
Mas você nunca foi minha
E não foi eu quem deixou você ir
Meu coração sempre quis você nele e
Você sempre foi livre
Eu que me prendi a você,
Eu que tatuei você em mim.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Amanda, Pequena amada armada

Eu que sempre amei você
Mas nunca fui correspondido
Eu que sempre fui seu herói
Hoje sou seu inimigo

Mas eu vou ignorar isto tudo
Pois você não pode estar certa
Você me verá quando seu coração
Não estiver mais cheio de toda essa merda

Eu sempre usei você
Quando quis me sentir mal
E eu que sempre quis sentir você
Em seu golpe fatal

Mas agora eu ignoro você
E seu pensamento imundo
E você sentirá minha falta quando seu coração
For dilacerado pelo seu mundo

E eu que sempre fui tão fraco
Perto da sua nobreza e pena
Hoje sou o céu
E você é tão pequena

Nem tudo o que você vê é real
Nem tudo que você diz faz sentido
Seu sorriso foi tão curto que nem pude ver
Seus dentes caírem com você

Fuja de mim
Mas não se fuja de você
Se esconda de Deus atrás desse véu
Mas não se esconda do céu

Estar morto é assim
Não tenha medo se eu ficar escuro
É só a noite em mim.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"Trocando uma ideia" com Deus (parte II)

Eu sujei meu corpo
Mas não perdi minha alma
Eu cavei minha própria cova
Mas não tive coragem de morrer
Eu furei meus olhos
Para não ver o fruto desse ódio
Mas ainda posso ver a verdade,
E quanto ao ódio
Eu ainda posso senti-lo
Nos meus versos, nas minhas veias

Deus, eu sou o bastardo
Que reivindica o seu amor
Eu não quero seu perdão
Sua misericórdia
Sua maravilhosa pena dos seres pequenos
Eu quero apenas seu amor,
Eu não quero seu paraíso
Não quero sua vida eterna

Parece que todos os caminhos
Levam-me a lugar nenhum
As balas continuam a falar mais alto
E o nosso Santo Ódio continua a governar
Enquanto Deus não me diz nada
E não interfere na minha carnificina

Andando sozinho pelas ruas da cidade
Madrugada fria, suja, seca, subtendida
Luzes solitárias, pessoas de almas mortas
Que Deus há aqui?

Sim, eu estou louco
Mas não estou errado
O assassino não sou eu
É você

Eu condenarei Deus no juízo final.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sequelas do que o tempo não curou

O ar me falta essa manhã
O sol me fere, o sangue ferve

Minhas idéias, como sempre,
Correm soltas pela mente
E eu incapaz prendê-las

Por mim os carros passam,
Pessoas apertam o passo,
Pra frente e sempre...

Hoje ninguém olhou o céu
Ninguém viu o que há de diferente.
Não viram que o sol rasga a pele como nunca
E seus raios agridem os olhos impiedosamente

E que a vida viciosa consome nossas mentes

Será que ninguém enxerga como eu
Será que eu sou o louco, de quem todos estão rindo
Pois mesmo que veja a verdade
Não sei rir de ninguém

Eu queria encontrar Deus
Eu queria acender minhas velas e estar em paz
Eu queria estar deslumbrado como todos
Mas não estou...

A anestesia natural do tempo não fez efeito
Eu ainda posso sentir enquanto rasgam minha alma
E violam meu coração.

Eu ainda posso sentir quando tentaram meu espírito
Que era forte demais para ser quebrado
Mas fraco demais para resistir.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Heroína

Canhões de fluoxetina te destroem
Mas foi você que engatilhou a arma
Nós fomos onde tudo é irreversível
Mesmo todo dia nascendo igual

Por quê?
Por que você caminha lentamente para morte?
Por que você faz isso consigo mesma?

Ouvindo o blues dos afogados
Você mergulha e eu te salvo, eu te protejo
Mesmo que não possa te proteger de você mesma
E mesmo que você já não queira proteção.
Eu parei e você foi, e eu tive medo
Medo de não ter medo como você não tem
Eu me queimei e recuei
Você quis queimar para sempre
E eu te admirei, minha heroína

Suas veias machucadas se escondem
Enquanto você procura a morte
O sangue fervente que passa
A espera dos glóbulos verdes.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Eu sou o sol

Agora eu sou a chama,
E você não pode mais me tocar,
Você não pode mais brincar comigo
Não chegue perto, não me olhe assim

Agora eu sou o sol
Estou muito longe de você
Ilumino-te daqui mas não posso te ver
E você não pode olhar diretamente para mim

Agora eu sou a estrada,
Deixei de ser suas rodas
Não te levo mais onde você quer
Agora sou seu caminho.

E se você fracassar
Eu não vou estar mais para te aplaudir
E quando você tiver medo
Não enfrentarei o escuro com você

Mas quando você tiver tempo
E quando aquela canção tocar
Eu crescerei em seu coração
E você não estará mais sozinha.

sábado, 14 de agosto de 2010

Magia ou Ilusionismo

Eu preferia que fosse simples
Eu preferia que fosse real
Eu preferia que fosse a verdade
Já que a magia se foi

Eu queria um mistério mágico
Eu queria sonho impossível
Quis magia e tive ilusionismo
Tive ilusão querendo misticismo

Eu queria você aqui perto
E hoje quero você de longe
Mas ainda quero, longe que seja
Pois você está dentro de mim.

Eu criei você, e matei você
Você nunca foi para ninguém o que é para mim
No mundo real você mentiu
Mais de uma vez, e hoje eu sei

Não precisava, eu entenderia
Pesando a vida e a brisa fria
O vento assovia teu nome, feiticeira
Mas feiticeira sem magia é ilusionista.

domingo, 8 de agosto de 2010

Dia dos Pais (08 de agosto de 2010)

Eu queria começar sem nenhuma palavra
Eu queria que todos entendessem meus pensamentos
Eu queria uma chamada com os mortos
Ou que pelo menos ouvissem meus lamentos.

O que eu sei de mim não diz quem eu sou
O que diz quem sou é o que quero saber
E o que sei de você é o que ficou
Tudo aquilo que você não pôde dizer.

O dia dos pais não existe, hoje eu sei
Hoje é o dia dos filhos
Dia dos filhos amarem o calor paterno
E dos órfãos chorarem o frio.

Você é quem foi sem que eu pudesse ver
Você é quem me vem insistentemente
Você é o imortal dos meus pensamentos
Que morre toda noite na minha mente.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Melancólico indignado

Aqui estou novamente. Estrategicamente posicionado entre um ou outro raio de sol e a sombra da amendoeira no asfalto. As duvidas que sempre me fizeram bem, que sempre me fizeram sair em busca de algo novo, de um argumento forte. Agora me paralisam, em uma guerra de consciências minhas.

O que fazer?
O que ser?
Como entender a morte?
E a vida?
Palhetas ou unhas?
Aço ou aço?
Lucky Strike ou Carlton?
Stairway to heaven ou Highway to hell?

Deus ou a verdade? O que um tem a ver com o outro? Pra mim, Deus sempre foi magia, místicismo, sobrenaturalidade e sempre foi, do tamanho da imaginação de cada um.

Confuso?!
Rock! E eu fujo por alguns minutos, escapo por algumas notas musicais.

Preciso entender
Preciso entreter
Preciso merecer

Preciso de amor
Preciso de ódio
Preciso de algo
Eu não sinto nada!

Me pego flertando com as palavras, as seduzo, as violo, e crio “ Monstros Frankensteins” como esses. Pedaços de prosa, pedaços de verso, vocábulos e gametas. Filhos meus e delas, palavras.

Desafio Deus: eu também dei a vida.

E eu gostaria de acreditar
Mas sei que não é real
Eu queria ser normal
Mas detesto esse tédio
Eu queria que fosse fácil
Mas sou um gladiador
Eu queria que fosse o destino
Mas eu mesmo criei.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Campos de morangos eternos


Eu construí um mundo
E me fechei em suas muralhas
Nele tinha tudo o que me fazia feliz
Lá eu extingui minhas falhas

Minha crença foi criada lá também
E meus deuses reinventaram o que eu inventei
Eu era criador e me rendi à criação
E então reaprendi o que eu já sei.

Eu precisava dizer eu te amo para mim mesmo
Eu precisava parar de perder
Mas não queria ganhar de ninguém
Só queria convencer.

O que há de errado comigo?
Se o mundo não me entende a culpa é minha
Eu mudava toda vez que me sentia diferente
E mudava toda vez que me sentia igual

E não pensem mal, tentei sim mudar o mundo
Mas cansado de tentar... E errar, sonhei
Tudo chegou e tudo se foi e tudo chegou de novo
O sonho acabou mas eu não acordei

Me mantenho dentro do meu mundo
Adorando os meus deuses imaginários
Solitário em meus campos de morangos eternos
Deixo acontecer para sempre...

(Nome inspirado na obra de The Beatles, "Strawberry fields forever")

terça-feira, 27 de julho de 2010

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Não mintas, não firas (-se), não fujas, não perca (-se)
Não jogues (-se), não corras, não mate (-se), não morras
Não ame (-os), você não sabe odiá-los.

Irmão... Decida! Vai, fica
Compre, venda, troque, aprenda
Viva.. Mas por enquanto
Tenha cuidado!

Agora é a hora.

Cante! Ninguém está vendo.
Encante! Todos estão vendo.

Toque, sole, “drope”
Viaje e volte, mas não saia daqui,

Essa é a formula,
Não siga ela!

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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Gasolina

A enorme aba do boné aponta o caminho.

Eu sigo, sozinho!
Alguém me diz um “eu também te amo”
Eu queria só um “você é legal”,
Mas que fosse no mínimo espontâneo.
Mais Gasolina. Eu queimo para fugir disso tudo.

Então escreva uma poesia diferente. Adicione versos à prosa uniforme. Use a crase, adicione gelo, açúcar, e beba... E esqueça. Tome gasolina, e fuja!

Gasolina, eu cai fora de você
Você caiu dentro de mim
Não, eu não estou bêbado
Aqui não há álcool, só você Gasolina

E quando você faltar
Eu queimarei meu sangue para cair fora disso
Ele durará só mais uma semana
Verei 7 sóis e 7 luas diferentes

7 dias e 7 noites inéditas
7 vezes direi seu nome: Gasolina
E quando vierem as lembranças, você virá logo depois
E eu queimarei você novamente.

Eu não vou ficar insano hoje
Eu não estou sóbrio, mas sei o que quero
Hoje eu quero 7 litros de gasolina aditivada

Para arrancar daqui com meu carro de fuga
Eu detesto caminhar, preciso de mais gasolina
Tocarei o chão com os pés nos próximos 7 quilômetros de loucura


fonte de imagens http://motorsa.com.br/wp-content/uploads/2009/09/fumaca_branca.jpg

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Novo estudo sobre a nação capitalista (sistema do cuspe)

É simples:

Você é cuspido para fora do pênis
E para dentro da vagina
Em nove meses é cuspido para fora da vagina
E para dentro da família
Logo é cuspido da família para a escola (ou para rua)
E então é cuspido para fora da escola
E para dentro do mercado de trabalho (você dificilmente é inserido nele)
Se você adoece ou não satisfaz
Aos desejos egocêntricos e às vezes sádicos do patrão
É cuspido para o olho da rua
As ruas te levam de volta para casa
Em casa o choro faminto da sua criança
Te cospe de volta para as ruas
Só que agora “bem preparado”
Você rouba uma vez para comprar feijão
E as circunstâncias te cospem para o submundo
E o submundo te cospe para o crime
Até que você é morto ou preso
E é cuspido num buraco úmido cheio de vermes
De qualquer forma (morto ou preso) você não tem nome
Pois cuspiram ele numa estatística
Estatística essa que devia ajudar
A cuspir para fora do país esse tipo de injustiça
Mas o que os políticos fazem?...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Youth

O mundo foi frio comigo
Assim como é frio com todos
Natureza humana pura e plena

E eu que ainda escrevo sobre o amor
Sobre a saudade, a solidão
Enquanto o mundo corre, e eu sou deixado para trás

Está tudo certo, só eu não posso ver

Falo em revolta, em microfonia
Enquanto o mundo abafa o som
E ama seus computadores e televisores

Volto a falar em revolta, e em microfonia
Enquanto alguém amplifica um manifesto
Com uma voz de astúcia, jovem enfim

Nós somos o futuro, e somos deixados para trás

Mágico, lúdico, infame e sádico
Nova arte vendida pra a gente
Vendida a mentira, vestida de verdade

E aqui que ser jovem é usar a moda
Tenha estilo ou fique fora, te dizem entre os dentes
É infernal para quem enxerga, sociedade indecente

Enquanto eu, falo em revolta e em microfonia insistentemente.


fonte de imagens http://india.targetgenx.com/files/2007/09/indian_youth.jpg

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Poeta, caneta, tristeza, papel

Eis que estão aí, os dias difíceis deste mês
Em todos eles me flagro pensando em você
Eu ainda sinto teu gosto em meus lábios
E o espaço do teu corpo continua entre meus braços

Você chegou em um momento tão sóbrio, e me trouxe
A sublime incoerência do amor, e eu sinto
Algo sombrio nesta folha seca, enquanto
Ela absorve o calor moribundo das minhas palavras
E absorve a umidade nociva das minhas lágrimas,
Decifra e registra-me
Com a tinta preta que dá poesia, textura e forma a tristeza

E a caneta profana o papel...
... E o papel mata aos poucos a caneta.

Em cada linha desta folha tem mais
Um pouco sobre eu e você,
Mais um pouco sobre o amor, o sonho e a decepção
Mais um pouco de dor em um coração.

Doce alucinação, deixe o amor escrever em seu coração
As coisas que ele quiser, doce ilusão
Que faz a caneta, a profanadora,
Vitima do papel que a consome, assim como
Você que desperdiça minha essência, e todo resto que tenho por dentro...

... A respiração de amor que te espera adormecido,
Sobre uma sublime paciência.

domingo, 20 de junho de 2010

Um pensamento solto sobre o mundo

É estranho que as pessoas, muitas vezes, olhem para o céu quando lhes ocorre uma desgraça.

Quando o destino as atinge com algum infortúnio, de força natural ou não. Parece-me que procuram nas estrelas ou nas nuvens do céu azul claro ou escuro uma resposta para sua dor, sua angústia, quando essa resposta está dentro de si próprio, em uma natureza humana autodestrutiva.

Aos mais pobres entende-se que por “pobreza” de recursos e cultura, não tem a dimensão do poder destrutivo dos homens ou da natureza e procuram em seus deuses suas respostas. Mas para os bem entendidos, digamos assim, aqueles que pregam o progresso, o crescimento, a manutenção de um estilo de vida, de uma ordem social, para os grandes magnatas do petróleo ou fabricantes de carro. Para esses é estranho se falar em fatalidade, em acaso, ou vontade divina. Esses têm plena dimensão das fronteiras entre o humano e o divino, e por egoísmo, ganância ou “amor” ao progresso mantêm essa postura irresponsável perante as situações.

Outra hipocrisia é a idéia que a televisão passa sobre aquecimento global, ou buraco da camada de ozônio. A expressão “salvar o planeta” por exemplo, muito usadas nas chamadas comerciais “bem intencionadas” de nossas empresas, dá uma idéia de que é o planeta que está morrendo, que vamos fazer algum favor a ele. Na verdade, somos nós quem está morrendo, quem está ficando sem casa, ou sem alimento. Refugiados do clima é a expressão do futuro, pois não é o planeta quem vai mudar, somos nós, ou se nossa capacidade de adaptação não for mesmo enorme como diz a ciência, vamos entrar em extinção, a palavra assusta mas é verídica e coerente em tais situações. A Terra, nossa Terra como batizamos, não é nossa, e já existia bem antes de nós, e bem antes de nós se aqueceu e se resfriou, e se aqueceu e se resfriou novamente até que tivesse condições para a nossa vida.

Portanto, bem antes de destruirmos o planeta, ele nos cuspirá para fora dele. Se aquecerá e se resfriará, e se aquecerá de novo até que uma nova civilização de uma nova espécie possa se organizar em um novo mundo, quem sabe de forma mais inteligente e justa que nós para uma nova odisséia. Assim funciona o universo, e ele existirá mesmo após o fim do mundo.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Luta de classes

Palavras ricocheteando nas paredes da mente

Enquanto o frio enrijece os corpos

Smokings finos encharcados de vinho

E em algum lugar, pessoas emboladas como caracóis

Envolvidas sem lençóis ao frio e desalento

Ignorando cada detalhe que difere o papelão de uma cama



Do banco do ônibus comparo as diferentes noites

Em uma noite só, do banco de couro

As sarjetas úmidas, frias e cheias de gente

Gente pobre, indigente, quase gente...

Poeira, frio, cachimbo, fumaça

Um trago na desgraça e o menino vira rei.



Do lado de cá da fronteira,

Da linha imaginária que define a miséria

Alguns brilhantes e glórias, histórias

Perambulando pela rua, na volta

Do rico passeio noturno

Risadas, palavras,

Ao taxista foram generosos como fidalgos

São raros, distintos.



Acompanho a trajetória boemia

Enquanto penso na população daquela esquina

Comparo as vidas perante as estrelas

As noites são outras, o mundo é ambíguo



Se bem que há vezes que os mundos se cruzam

Se amarram, se quebram

As fronteiras caem por terra e se tornam

A linha sensível que separa as vidas

A luta de classes continua e as frases

Continuam a ricochetear,

E os fatos continuam a matar...



... a matar assaltante,

A matar assaltado.

domingo, 6 de junho de 2010

Quem está entre nós?

Poetizando em uma sala escura,
Sozinho
Sem som, sem cor
Só preto.
Não vejo nada, então
Imagino,
Relembro,
Mastigo.

Converso com Deus,
Ele é diferente para mim
Ele é indiferente comigo,
Sou um assunto inerente
Aos seus planos divinos.

Sou a ovelha negra,
Sou aberração,
O pequeno monstro sem mãe.

Me vejo novamente em um sonho
Sigo pedalando um “camelo”
No caminho
Dois amores,
Um pai morto,
Um soldado de Deus,
Um exército inteiro...

... uma flor é pisada por um deles,
Uma linda flor é pisoteada
Por milhares.

Um homem morre
A guerra continua,
Era meu pai
Onde ele está agora?
(Com Ele) brada um deles,

Morreu jovem,
Solitário, e
Crente.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A neblina da manhã















Neblina...
Onde acaba a montanha?
Onde começa o céu?
Alguns só esperam os primeiros raios de sol (que se esconderam)
Eu os aguardo com caneta e papel.

E vejo
Pontas de cigarro queimando na escada,
Vidros embaçados,
Ruas ressecadas,
Vidas dobradas em mochilas amassadas.

E minha vida?
Ela se enruga com a preocupação em seu rosto
E aqui meus olhos se embaçam também (ao tentar te ver)
E eu apenas te imagino,
E te quero bem.

Confesso,
Te imaginei ao meu lado ontem a noite
Não pude evitar,
Ganhei uns momentos contigo na madrugada por sonhar,
Perdi teu corpo pela manhã ao acordar.

Me vejo perdido,
Te vejo em todo lugar,
Você não me guia para lugar nenhum,
E eu espero você me guiar,
E deixo a neblina baixar.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Caindo em cinzas

Comecei muito bem
Agora estou caindo
Deus me ignorou
Por que ignorei o céu

Fico com uma suas lágrimas
e um gosto de você
Me esvazio de fumaça
Limpo as nuvens dos meu olhos

Diamantes são para sempre
e meu amor também é
um diamante de sangue
consumindo minha mente.

Seus passos eram duros
seu caminho era o contrário
ao meu e aos meu sonhos
e nós estamos caindo.

Estou no meio do conflito
A batida e a poesia
o poeta e a sua musa
nunca mais serão os mesmos.

O sentimento é passageiro?
Mas o momento é para sempre
estranhamente intenso
sua presença é um dever.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O caos por trás da caneta (parte II)

Sou poeta,
a noite me chama pelo furo da janela
eu vislumbro o horizonte
a lua está completa,
o ar me afeta,
o vento me alerta:

É hora de sonhar!

Sou homem,
a responsabilidade limita as possibilidades
eu observo meu mundo
com criatividade,
às vezes fugo da verdade,
me sinto covarde.

Eu preciso acordar!

Sou gente,
vivo num mundo onde todo mundo mente,
sigo na ansia da verdade
que me ascende,
assim sou jovem para sempre,
um imortal que mente.

Sou gente!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O caos por trás da caneta

Asfalto preto, céu cinza, olhos profundamente escuros

Cabelo raspado, punho cerrado
Semblante fechado,
Inconscientemente concentrado

Sujei meu tênis na minha própria sujeira
Enquanto pisava na hipocrisia de vocês
Nós somos iguais, estamos um no outro

Porém,
Não somos um só

Tentei fugir da essência
Fugi de mim mesmo
Estive preso do lado de fora do meu mundo

Me manifestei em linhas curtas
Poesia é estado de espírito
Poesia abre a cabeça
Poesia cicatriza a alma depois de fazê-la sangrar

No meu caso,
Poesia é o sangue da alma

Poesia é o partido político dos homens tristes,
Um manifesto às relações desumanas
Um mistério mágico em meio ao caos das cidades

A pichação num muro
Manchado por sangue inocente
Nossa falta de fé é indecente, perturbadora

Poesia é a reflexão social dos loucos

Poesia é o fruto do caos mental.

domingo, 16 de maio de 2010

Introspecção às avessas

Fui ao céu
Mirando na infinita aba do meu boné preto-desbotado
E perguntei a mim mesmo
Se o horizonte da sua alma é tão azul

A sua alma me acalma, eu sei

Vi nas paredes do tempo
As linhas imaginárias
Que limitam a imaginação dos homens

Estou fora amigos
Orgulhem-se de mim.

Eu queria só me conhecer agora

Pois, eu te conheço, garota
Você é linda!

E falarei isto todos os dias
Por trás dos seus cachos dourados
E você nunca vai me entender

Mas eu te entendo
Eu me entendo

É o que sei de você,
E o que eu sei de mim?

Odeio meu coração,
Amo minha mente

Amo quem não merece amor
Tenho as mais maravilhosas idéias

Alquimia...
Quais as substâncias que fazem dum homem poeta?

Presença póstuma

Derramei uma lágrima no travesseiro esta noite,

Você esteve aqui
Só não pude te ver

Sonhei por toda noite
(Note, não me lembro bem do sonho)
Mas lembrarei ao investigar
Minha camisa rasgada.

Quem me matava?

Ser livre, não morra!
Seja livre e não morra!
Ser livre é não morrer
Morrer é se libertar.

sábado, 15 de maio de 2010

Rock In Nós

A lua rasgou a carne esta noite
Não pude evitar

Ela sujou um pouco o olho
Com lápis preto
As botas estavam empoeiradas
A camisa preta tinha o cheiro nostálgico
Das coisas guardadas
Tinha o rosto de um ídolo morto

Pearl Jam tocava nas esquinas!

Há quanto tempo não a via
Vamos menina, vamos lá!

Os vidros nos esperam
As esquinas ainda estão lá
Esperando nosso próximo gole

Uma rodinha?
Quem sabe?
Meus ossos iriam ruir
No atrito com seus Spikes agudos

Hey ho! Let’s Go!
Leve o Jet,
Leve, o Jet
O Jet é leve,
Marque o muro do Meu Coração

(PUTA-QUE-PARIL, me dê um cigarro!)

Seu nome já está lá
Seu nome ainda está lá
Pra sempre estará!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Entre o céu e você

Que céu lindo!

Profundamente azul
As nuvens são
Como um forro de veludo
Dos mais brancos que há
Um tecido tão doce
E delicado
Que ofende o mais belo
Dos tecidos humanos
Somente em aparência.

Como eu queria
Teus braços agora
Eu sei que eles me trariam
Um pedaço do céu
Você nunca está comigo
Quando estou triste
Pois se há você por perto
Não há tristeza

E hoje eu estou tão triste querida
Eu não tenho nada novo
Nenhuma história para te contar
Só queria teu beijo de novo
Por esta noite inteira
Por esta eterna madrugada
Hoje eu sei
Que a dor que eu sinto
Só você pode aliviar
Você é meu único
Motivo de sorrir
Entres os muitos
Que me fazem chorar.

E agora,
Sozinho em minha casa
Tenho vontade de sair
Profanando o silencio
Com teu nome
E profanando os muros
Com nossas palavras
Você não sai do meu pensamento
Você não sai da minha boca
Você não sai dos meus poemas
Você não sai do meu mundo.

Deixei teu nome junto ao meu num muro
Nosso amor agora é eterno.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Nosso íntimo infinito

Eu venho por ai
cambaleando e cantando
gingando e sorrindo
ignorando as calçadas

Felicidade então,
não se compra na esquina
eu roubei de uma menina
ou ela fez multiplicar?

E quando a vejo,
meu olhar se dilata
meu coração quebra vidraças
o ritmo que ela gosta de dançar

E nós saimos por aí,
e nós caçamos algo a mais
essa é nossa alquimia da paz
minha solidão profunda e seu carinho singular

Seu infinito é tão íntimo,
Que eu sempre terei seu cheiro
e sozinho sentirei seu beijo
em qualquer noite ao azar

E você me faz bem,
mesmo nas noites que te faço mal
e quando me fizeres mal
não esperarei pelo sol.

Eu queria uma musa
você queria um poeta
mistura intensa, quimica certa
você chegou quando só me restava chorar.

Venha meu amor,
não tenha medo do meu amor
é tão puro este amor
será bem melhor.

Eu não posso ver nosso futuro
eu só quero ver você agora
para te encontrar não tem hora
eu te amo, meu amor, minha melhor.

sábado, 1 de maio de 2010

Confissões e manifestos destorcidos

Cordas eletrificadas
Estruturas abaladas
Mentes destorcidas
Paredes violentadas
Som da revolta
Sem regras
Sem horas
Sensação de estar
No inferno
Ninguém sabe
Ao certo.
E música destrói
Corrói, e reconstrói
Mói certas idéias
Preconceitos, histórias,
Mitos, odisséias
Se amontoam
Para serem fuzilados
Ou reciclados.
A mente ferve
Fere e é ferida
E a vida passa
A cada nota
Desse riff suicida
Guitarra inquieta
Guitarra grita
Guitarra briga
Guitarra amiga
Sem mim
Não pode nada
Sem ela
Não há barulho
Burburinho ou manifesto
Sem ela
Sou poeta sem palavras
Sou interprete sem voz
Indefeso ao algoz
Sem escudo
Sem espada
Ao fim da noite
Sou estrela
Sou herói
Sou amado
Ao invés
Do fracassado
Que lhe confessa
Altas horas.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Vandalismos comigo mesmo, meia noite de outono

Lua cheia,
Noite clara,
Azul marinho,
Vista rara,
Vento frio
de outono
me traz o tédio,
abandono.

Minhas regras e
suas pernas
não se embolam,
não se cruzam
na minha cama
solidão,
Ilusão.

Suas coxas
me instigam
mesmo hoje
eu as devoro
A tanto tempo
não as vejo,
não as toco,
não as beijo.

Saio louco
Me confundo,
Me destruo,
Reconstruo
Em minha arte
de profanar paredes
Em meu vício
de desintegrar a limpeza

Veja só,
Aqui há nomes
Que só você entende
Me compreende
Me completa
Mais uma vez
Pois os muros
da cidade
contam a história
de nós dois
ou só a minha
Pois a sua
já se foi.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Um acaso

Um dia desses, revirando coisas velhas, vivendo sonhos empilhados e empoeirados pelo tempo, achei dois velhos poemas. Um deles, se não me engano é meu primeiro poema (pelo menos que pode ser assim chamado). Não é tão bom mas por uma questão sentimental foi postado.

Algumas últimas palavras

Tento escrever algo esta tarde
Mas o frio não me deixa dizer o que resta
No anel que tu me deste a saudade
Dos braços, os abraços que me tiram as frestas

Os pensamentos frios ou congelados,
As idéias cruas e tristes
Lembram o calor dos teus braços
Lembranças de inverno que insistem.

Por tudo que tu me deste,
Lembro-me muito agora
De tudo que me tiraste,
Me sinto mais vivo agora.

A má lembrança agora voa,
Sinto o frio ir embora,
Lágrimas secas, memórias boas,
Parou de chover lá fora.

Beleza


O que mais é tão belo?

Mesmo após essa vida

Mesmo depois de conhecer o mundo

E amar, e sofrer, e saber...

É bela sim,

E como pode ser?



Para começar

Tens o sorriso que diz sim

No idioma de onde nada é proibido

E traz nos olhos o brilho

Que ilumina, revigora,

Que apaixona,

É o brilho de quem ama,

Ama vida,

E recebe o mundo com amor.



Tens o abraço,

Tens o beijo em mel,

Ou seria o sabor do céu,

Que eu nunca havia provado.

Contigo não há passado,

Há presente sim,

E não se pensa no futuro,

Com o futuro se sonha.



Beleza,

Fui mesquinho e superficial,

Tua beleza física merece nota sim,

Porém maior é tua beleza espiritual,

Tua presença espirituosa,

Teu carinho divinal.



Como posso ignorar

Tua nobre consciência,

Uma mistura rara

De personalidade forte e bom-senso,

Tua essência.



És linda, és boa,

Não posso descrever

Nem mesmo Fernando Pessoa,

Ou qualquer outro imortal literário,

Palavras têm valor ordinário,

Frente aos muitos significados

Que eu dou ao teu nome.

Amor,

Felicidade,

Paz,

Sedução e Poesia,

Me cega e contagia

Ofuscando teus defeitos,

E eu perdido e apaixonado

Nos teus delitos que não vejo,

Na ânsia de te ver

Sem hora,

Sem dia.

sábado, 17 de abril de 2010

Palavras, vida, morte e crença

As palavras são tão tristes,
Os sonhos já são pesados,
Mas eu me mantenho unido
Mesmo estando aos pedaços.

Há dificuldade em escrever
E as idéias teimam em fugir.
Sou insensível, sou frio,
Mas há sentimentos aqui.

Há papel, caneta e coração partido,
Há um corpo enterrado e um sonho perdido,
Momentos ruins vividos,
Nomes e amores esquecidos.

Tentando chorar, não podendo sorrir,
Seguindo em frente em fim,
Alma seca, garganta fechada,
Memória amassada, picotada.

Não se briga com a morte, agora eu sei,
Nem se brinca com a vida também
A paz é o equilíbrio entre os mortos e os vivos
Pai, você sempre viverá comigo.

Agora há corações espalhados no chão,
Há um céu cinzento chuviscando solidão,
Flores brancas ornamentando um caixão,
E reações alérgicas nas mãos.

As melhores pessoas não mudam o mundo
Pois Deus as leva para perto de Si.
É uma forma de reafirmar a ideia do céu
E mexer com o coração dos ímpios que ficam aqui.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Corpos em chamas

Eu toco seu corpo e me perco
Guiando perigosamente nas suas curvas
Mas nós podemos ir devagar, meu anjo
Por que agora você é a única.

Tenho seu sorriso na ponta dos dedos
Para vê-lo basta te tocar,
Seu corpo está sempre em chamas
Você sempre vem me incendiar.

Digo no teu ouvido
Frases que te fazem tão mulher
Que tu vens e me domina em resposta
E tu sabes muito bem o que quer.

A lua invade a janela a meu convite
E vem ter com nós esta noite
E eu te amo a noite inteira à meia luz
Tu me amas eternamente hoje.

A cama nos ascende às nuvens
E os lençóis nos embalam em glória
Nem o céu azul nos opõe em beleza
E os anjos escrevem nele nossa história.

É nosso momento, querida
Nada mais importa lá fora
Nem a guerra, nem a paz,
Estamos em transe agora.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Tálison Vasques e o modo de vida

Vivendo da lama e da glória,

Indo embora
Sempre que minhas rodas tocam o chão.

Vivendo entre essa idéia falsa
e a inspiração veridica e amarga da solidão.

Mastigo certeza de que não vivo em vão.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Desistindo dos sonhos quebrados

Eu vivo de recomeçar
Me levantar e tentar de novo
Eu sou o homem que acredita demais
Em meus sonhos queimados no fogo.

Eu sou aquele que viu em você
As azas que me faltavam há tempos
E alucinei que você me fizesse voar
Alguns dias, em certos momentos.

Mas algo tirou seu encanto
E eu entendo,
Nós acreditávamos tanto
Eu lamento.

E agora sua vida é outra
E eu penso
Você diz que me ama e se vai
Eu não entendo.

Eu tento não dizer para sempre
E lembrar de você
Sua eternidade durou tão pouco
Eu nem pude te ter.

Eu tento não olhar
Para o céu e te ver,
Pois as formas das nuvens
Me lembram você.

Eu tento não pensar na minha cruz
Meu sonho quebrado, pesado
Minha memória antiga é tão recente
Meu coração permanece inalterado.

E eu tento não ouvir seu nome
Quando vem o vento
Soletrando ele baixinho
Eu tento...

E eu tento e persisto
Mas do que nunca nesse momento
Eu tento desistir de você
Mas não consigo, eu lamento.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Volte a dormir

Vou acariciar suas curvas
E olhar seu rosto.
Tirar-te o sorriso
Enquanto toco seu corpo.

Nada!
Isso não é nada.

Volte a dormir
No seu sono eterno.
E antes que você acorde
Eu vou estar no inferno.

E ver como é linda,
Essa droga de vida.

Um dia ainda vou ver
Nos seus olhos castanhos
O frio da solidão
Desses dias estranhos.

Volte a dormir
Isso não foi nada.
Nada!

Pobre garota
Você não me lembra nada.
Pois o meu grande amor
Jamais me fez feliz.

E eu vou matar você de beijos.
Eu quero ver você morrer de amor!

E eu tremeria de medo
Só de pensar em saber
O que você fez quando eu não estava.
Eu pediria pra morrer.

E te levaria junto.
Pra não ter saudade.

É melhor voltar a dormir
E não ver a verdade.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Rodas

Eu me lembro de tudo e me esvazio
Afastando-se do que eu mais amo,
Mas a cor do céu não me tiram
É azul! E minhas rodas giram.

Agora quero ser alguém melhor
Fazendo algo novo,
Saibam que não esquecerei de ninguém,
Mas agora o jogo é outro.

E minhas rodas continuam...
Acelerando a solidão.
E as memórias flutuam,
Enquanto minhas rodas rasgam o chão.

Eu vou agora no caminho contrário
Ao que nós íamos juntos.
Vejo tudo e não me arrependo
Aliás, me orgulho de tudo.

Orgulho-me de quem eu me tornei por você
E do que eu fiz para não ter fim,
Eu vivi para te ter e não faço por mais ninguém
Hoje não te tenho e vou viver para mim.

Alguém tirou o melhor de nós,
Alguém nos tirou os melhores momentos,
Talvez nós não estivéssemos prontos.
Mas eu não lamento.

Nós continuamos a ser um só
Mas agora somos uma estrada de mão dupla.
Cada um para seu destino,
Cada um com a sua culpa.

“Lá vai meu herói” - alguém disse.
Ele precisa descansar.
Mas quem sabe nossos caminhos nos unam
Outra vez, em outro lugar.

As confissões do sonhador

Às seis da manhã o céu era algodão.

Do pico de uma montanha a outra, tudo era branco. Entre elas, num tímido esplendor os primeiros raios de sol ganhavam seu espaço. Era vermelho, amarelo, laranja, azul, lilás e outras cores que eu não sei nomear. Elas enchiam os olhos do sonhador.

Daquele ponto a visão era majestosa. A Rua Berlim, a rua mais alta do bairro e com certeza a mais fria da cidade também. Ela agradecia àquela benção aos pés da serra. E ele só observava, contemplava a inusitada beleza daquele lugar. Aquelas sarjetas sujas nunca foram tão belas. Sim, eram sarjetas belas. A beleza nunca foi tão simples, tão crua, tão triste. Com aquele céu tudo era simples, cru e triste.

Da Rua Berlim até a casa em que passaria o dia, eram quatro ruas com nomes de cidades européias, elas nunca foram tão longas, tão solitárias, e principalmente, ninguém pensaria tanta coisa naquele trajeto. Nunca mais. Mas era um dia diferente, um momento diferente: seis horas e quatro minutos de um novo ano, e havia a companhia de um cão.

“Estou só” – pensou. A frase dizia mais do que fato de a rua estar quase vazia, tendo apenas ele e o cão como transeuntes. Naquele momento a cidade era cinzas, o mundo era barro, as pessoas fumaça, os prédios gigantes petrificados e o sol começava a misturar tudo. Os únicos seres eram ele e o cão provando o céu. Ah, aquele céu! Ele o adorava, mas odiava seu gosto. Tinha o gosto do nome dela. Ele quase o gritava a cada vez que olhava o céu. Seu grito rasgaria acres e acres de rua vazia e voltaria a seus ouvidos, dilacerando sua mente na solidão dos ecos. Mas não houve grito, nem eco, nem rua rasgada ou mente dilacerada. As palavras nasciam nos pulmões, cresciam na garganta e morriam na ponta da língua, deixando apenas o movimento labial que o cão parecia entender. Uma situação perigosamente aflitiva.

A SITUAÇÃO
O céu o matava, as ruas se agigantavam,
e ele estava na terapia ao ar livre de um cão vira-lata,
mas não estava louco.

Como pode um rosto fazer tanta falta?
Como pode alguém anular um mundo e ir embora?
Ela nunca tinha sido tão importante para alguém. Era a coisa mais importante no mundo para ele naquele momento.

O que mais poderia se levantar e o apoiar naquele momento? Nada, é a resposta. Nada além da imagem dela, da voz dela, do olhar dela. Ele não tinha nada disso. Ela não iria emergir do chão para mantê-lo de pé. “Eu preciso desmoronar” – pensou então. E o cão o fitou, fez a leitura telepática da frase, latiu como se tivesse entendido e farejou uma solução no chão. Achou uma flor ressecada e a carregou na boca pelo resto do caminho e continuou ler-lhe o pensamento.

Mais uma rua e antes que a solidão chegasse a níveis críticos de confusão de identidade, eis que vem ela: a última esquina. Ao passar por lá viu dois bêbados, dois loucos ainda comemorando a entrada do ano. Não era muito civilizado ou poético, mas foi aquela visão que lhe mostrou que a humanidade ainda estava lá, viva, entorpecida, louca e plena. Pronta para ele. Dalí até em casa não trocou mais nenhum pensamento com o cão, o céu já era todo claro, azul e com nuvens de algodão costuradas nele. Agora o algodão era doce. Ele sentia que a vida tinha uma nova face, sentia que não precisava dela para se apoiar. Precisava sim, de um novo amanhecer e de um novo sonho para viver.

Ao chegar ao portão manchado de vinho, abriu e entrou num só movimento. Seu companheiro canino tentou entrar também, ele o fitou nos olhos com imensa sinceridade e disse: – “Não, meu amigo. Obrigado!” – dessa vez a voz saiu, o cão entendeu mas havia mais coisas a dizer. E então ele pensou: – “Vá e leve meu delírio. Leve minhas memórias e minha amizade. E não conte a ninguém”.

UMA ÚLTIMA IRONIA
Naquela semana o sonhador não sonhou.
O sonhador não sonhou.
Tinha medo do novo sonho que viveria.

A Tempestade

O céu está apertado
as nuvens se esbarram,
rugem alto, se despedaçam, desabam.
No atrito soltam faíscas,
que iluminam o céu
e agridem as vistas.
Enxugam o céu, encharcam o mundo,
estouram suas veias,
destroem tudo.
Enquanto observo, absorvo,
Seco os vidros,
e os embaço de novo.

Sinto o teto do mundo
a um metro da minha cabeça.
Enquanto atores falidos
amontoam-se e me iludem,
me vencem e convencem
de mentir para mim outra vez.
Deus os queima e joga fora.
Queima e joga fora do céu.
e eu toco o véu d’água,
e ele me toca.

E então, a chuva torrencial de verão
me preparou um cenário.
Onde eu enceno a solidão,
e construo minha própria prisão.
Onde meus olhos fazem chover,
e a chuva me faz chorar.
Onde eu relembro
meus doces sacrifícios.
Onde eu planejo um último suspiro.
Onde eu invento um último perdão.

domingo, 17 de janeiro de 2010

A cidade me consome

Hoje sai sem saber
a que horas vou voltar,
há horas e horas atrás,
me senti só na multidão
e não seria maior a solidão
se a cidade não estivesse aqui.

no fim da tarde
o céu era vermelho e queimava
e meus olhos caiam por aí
nas sarjetas ressecadas,
fugindo do calor que me matava,
da luz que me cegava,
da dor que me calava.

e há também uma falta,
alguma coisa me esvazia.
não sentir tua presença
me mata, e esse silencio...
ah! ele nunca acaba.
a cidade nunca acaba,
não é tão fácil fugir.

a angústia tem gosto amargo,
mas não é pior que o cheiro
do esgoto, desse lixo sentimental,
e desse calor a altas horas.
por que hoje o céu não chora?
seria bem conveniente.

são apenas 10 horas
mas minha cidade adormeceu,
o céu perdeu seu gosto e morreu.
e as estrelas caíram
num ultimo sarcasmo
oh! Deus, como eu gostaria de um cigarro.
todos eles acabaram.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Um belo dia para morrer

Se levante comigo,
Hoje é um belo dia para morrer.
Se levante aqui comigo,
O sol acabou de nascer.

Guerreiros livres
Simplesmente não lutam,
Eles apenas se erguem
e suas almas flutuam.

Eles são imaculados,
estão fora dessa questão.
Um deles não contrói
A sua própria prisão.

Eu tenho medo do futuro
Mas tudo vai indo bem.
Até agora tudo é muito igual
porém, já não digo nada a ninguém.

Querida, você não desconfia
do que eu sei,
Não morrer não é viver para sempre.

Você não sabe o que eu aprendi
e então ensinei,
Nada é livre do fim,
Glorioso é quem entende.

E agora eu sei:
É sábio e cruel, o tempo.
Arrasta consigo lágrimas, lamentos...

Nem devagar nem rápido, mas sem tropeços,
Até que um dia os deixa cair
na estrada entre o fim e o recomeço.

Calado, pela última vez.

Pela última vez que a vi
poderia tê-la beijado,
poderia tê-la abraçado,
pela última vez
tê-la feito feliz.

Poderia ter dito que a amo,
e tê-la pela última vez
em meus braços.
Poderia fazer pela última vez
o que nunca fiz.

Mas eu não queria estar lá
quando meus olhos ficassem vermelhos.
Eu não queria que ela visse
eu beijar o chão.

Então a disse adeus
com um abraço tão frio,
e deixei que aquela carta
sucumbisse em minha mão.

O que era aquilo tudo?
eu preferiria não ter visto,
não ter vivido esse último momento.

e aquela carta, feita a mão,
como um último lamento,

como um último pedaço dela aqui,

um pedaço que nunca ri
que nunca emite som.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

combustível para alma

O sol nos rasga a pele,
o torpor parece infinito.
É quente, é muito quente!

Hoje o céu é azul,
um falso dia bonito.
Hoje o céu mente, ele mente!

A inspiração amarga.
A tempestade que chega
me alerta, me dá a resposta certa.

A solidão tem dois lados
A dor às vezes dá onda.
Me alerta! A dor me faz um poeta.

O coração do sonhador

Ele bombeia os fluídos de amor pela alma
e se retrai com a dor mais aguda.
A paixão, eterna antagonista da calma
causa num coração velho uma bombeada enxuta.

Ele se abre e grita como uma rosa vermelha
que nossos olhos ouvem nunca dizem não.
A rosa que grita com uma cor tão forte
é tão forte quanto a dor do grito de um coração.

Ele é uma enorme caixa de sonhos,
sonhos novos e quebrados se amontoam nas paredes.
Ele é um carregador de sonhos, eu suponho,
que passa por praças de guerra e campos verdes.

Mas e quando os sonhos não são feitos de prata,
E quando eles são pesados e quebrados?
Meu coração só passa por bombardeios há tempos,
Pois eu sou um sonhador com o coração cansado.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O dia que nunca acaba

Ele nasceu para me desmoronar.
Mas e se eu já estiver no chão?
Seu ar circula por aí,
eu prendo a respiração
não aspiro seu veneno.

Ele veio para me envenenar.
Mas e se eu já estiver envenenado?
Preso atrás dessa linha
que me une a você,
e você me deixa tão só.

ele veio para me escaldar.
Mas e se eu já estiver fervendo?
Com a pele escamando
em processo de dissolução.
Rastejando para fora da minha pele.

Céu de azul infinito,
Horas que parecem séculos,
suas nuvens de fumaça branca,
e a água evaporando
e distorcendo o asfalto em brasas.

O céu mistura tudo
num ensopado colossal.
Eu sou sua colher de pau,
mesclando a eternidade de uma dia
a certeza de que ele acabará.

sábado, 9 de janeiro de 2010

A vigésima segunda avenida

Eu senti um arrepio pela espinha ao andar por aqui sozinho. Essa é a vigésima segunda avenida que eu tento iluminar hoje. Mas minha alma é tão culpada, minha sentença é esta aqui.

É a vigésima segunda avenida. Um pesadelo de 255 metros, percorrido a passadas lentas - quase paralisadas - em meio a neblina. Ao cheiro de medo. Sim, o cheiro. Não o fedor.

Essa neblina que me oblitera lentamente, são os espíritos que me socam, suavemente, bem no rosto. Tão sarcásticos.Mas contundentes.Todos aqueles corpos desalmados - criados por Deus - são tão inúteis junto aos corpos sem alma - criação dos homens - mas suas almas são quentes.Corpos mortos. Almas vivas. Afinal, são corpos desalmados,almas desencaranadas.

A dança dos mortos é encantadora,e estou amedrontado.Situação aflitiva - alguém diria. Violentamente aflitiva. E a minha alma dança.

Mas no fim um alívio: a música acabou, a avenida também,ficaram os corpos, foram as almas, e eu, continuo... vivo.