terça-feira, 15 de junho de 2010

Luta de classes

Palavras ricocheteando nas paredes da mente

Enquanto o frio enrijece os corpos

Smokings finos encharcados de vinho

E em algum lugar, pessoas emboladas como caracóis

Envolvidas sem lençóis ao frio e desalento

Ignorando cada detalhe que difere o papelão de uma cama



Do banco do ônibus comparo as diferentes noites

Em uma noite só, do banco de couro

As sarjetas úmidas, frias e cheias de gente

Gente pobre, indigente, quase gente...

Poeira, frio, cachimbo, fumaça

Um trago na desgraça e o menino vira rei.



Do lado de cá da fronteira,

Da linha imaginária que define a miséria

Alguns brilhantes e glórias, histórias

Perambulando pela rua, na volta

Do rico passeio noturno

Risadas, palavras,

Ao taxista foram generosos como fidalgos

São raros, distintos.



Acompanho a trajetória boemia

Enquanto penso na população daquela esquina

Comparo as vidas perante as estrelas

As noites são outras, o mundo é ambíguo



Se bem que há vezes que os mundos se cruzam

Se amarram, se quebram

As fronteiras caem por terra e se tornam

A linha sensível que separa as vidas

A luta de classes continua e as frases

Continuam a ricochetear,

E os fatos continuam a matar...



... a matar assaltante,

A matar assaltado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário