terça-feira, 8 de novembro de 2011

O instante entre a luz e a escuridão


Um poema me corrói há dias

Eu tenho medo de escrevê-lo

Não sei do que se trata

Por bem, queria esquecê-lo


 

Os pensamentos se misturam

Ao mesmo tempo eu não penso nada penso tudo

Quando faço uma introspecção

Dou a volta ao mundo


 

Me encontro frio e me disperso

Posso ser uma canção,

Posso ser o mundo se eu quiser

Mas não sei muito bem como funciona isso


 

Só sei que as palavras me vêm

Certo como entre a luz e a escuridão está o crepúsculo

O vento sopra e o momento mágico acontece

Coisa que só se registra com a alma.


 

Tálison Vasques

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Quem matou minha juventude?

O ar pesa nas narinas,

A música feri os ouvidos

E as fotografias que eu mastigo

Arranham minha garganta ao engolir


 

Será loucura ouvir vozes em fotografias?

Sentir a brisa quente daqueles dias

Aqueles dias em que tudo era novo

Mas agora me falta o frio na barriga da primeira vez


 

Naqueles dias eu pegaria no fuzil e lutaria ao seu lado

E não só torceria por você

A nossa loucura era a nossa verdade

E eu nunca mais serei tão louco de amor pela justiça


 

E Agora que eu vejo tudo desmoronar?

Nesses dias que garotos largam cadernos e empunham fuzis

Agora que a nossa fé e a decência se foram

Se sente a presença de "deus" nas notas de cem


 

Eu esvazio os bolsos e pergunto

Onde nós estamos agora?

Onde está o ideal e o tal futuro da nação?

Onde estão as promessas e nossa astúcia?


 

Quem matou minha juventude?

Que eu vou matar sua ganancia

Alguém quebrou meu espirito

E eu preciso consertar.


 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O vento e a flor

Segure minhas mãos com os olhos de novo

E deixe que eu capture suas palavras com meus ouvidos

Este mundo não nos pertence

E o que nos une não pertence a este mundo


 

Escute o que os primeiros ventos da primavera têm a dizer

São eles os amantes das primeiras flores

Que levam o melhor delas

Para crescer na terra ao longe


 

E eu que descia o rio sozinho

Agradeço agora ao sol pela boa nova

O amor chegou para mim

E eu cheguei a terra prometida de que os poetas falavam


 

Os primeiros ventos da primavera

Trouxeram a sua semente ao meu coração

E você minha flor, vive em mim

E eu me vejo vivo em seus olhos


 

Eu te prometo que todos os dias perseguiremos o sol

E todas as noites perseguirei as estrelas que caem para te dar

Em todas as flores te encontrarei

Em todos os ventos me sentirás


 

sábado, 17 de setembro de 2011

Novo

Eu poderia cair, rasgar, queimar
Eu poderia mergulhar e não voltar na sua falta
Eu poderia derrubar lágrimas
Encher a piscina negra dos seus olhos
Com meu sangue e meu amor
Eu gostaria de velar teu sono todas a noites
E ser sua primeira visão todos os dias

Quando escrevi nossa história na areia
A agua do mar não levou
E nosso castelo continua intacto até qualquer dia
Eu te vi no meu melhor sonho de menino
E você me veio como janeiro
Forte, confiante, quente e fraterno
Anunciando um novo tempo
Um novo amor
A nossa paz.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O chamado da manhã de domingo

Deixe a noite acontecer

Deixe o céu encher seus olhos de estrelas

Deixe-me sutilmente brilhar com você

E pela manhã não saber o que fazer


 

Deixa a vida acontecer um pouco

Mas sinta que ela passe e consinta

Não finja, não morra por desuso da vida

A manhã de domingo te fará feliz, querida


 

O covarde não vive e morre no fim

Mas você que sempre joga e nunca ganha aprende

Ama-me e eu espero te fazer ganhar na próxima vez


 

Procurar-te-ei nos versos que escreveste

Alcançar-te-ei pelas palavras que disseste

Abraçar-te-ei e sentirei a falta de ter-te tendo-te

E assim lhe ensinarei uns paradigmas


 

Seremos um só, numa nova lua

E esperaremos o velho sol de domingo chegar.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Deslize noite adentro

Nesse momento eu deixo a alma brilhar
Minha boca toca sutilmente o seu corpo
Enquanto sua mão docemente desliza

Eu gostaria de estar fora do meu corpo
Para gravar esse momento na memória
E ter a impressão que a vida é para sempre
Se vivermos sempre assim

Eu esperaria um verão eterno só para te ver sorrir
Mas é nas noites de inverno que você me vem
E sempre vai encontrar meu abraço ao chegar

Ah, se todas as noites fossem frias como essa
Se todas as luas te guiassem até a mim
Nós deslizaríamos noite adentro rumo ao sol

Mas desejando que a noite nunca acabasse
Que isso nunca acabasse.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Máquina do tempo

O amor é uma máquina do tempo

Os dias param quando ele vem

Eu sinto isso quando te vejo

Capturando a noite clara

E seu sorriso brilha pelas brechas


 

O amor é sim, uma poderosa máquina do tempo

Numa simetria perfeita com o céu

Numa sincronia perfeita com a lua,

As estrelas e seus olhos


 

Quando me vens, me desacelera

Pois os dias aceleram tanto sem você

Eu nem os vejo, Nem os ouço

Só os carrego e eles pesam em meu coração


 

Quero te ver para sempre

Para que todos os dias parem

E todas as noites brilhem

E tenham o gosto da tua pele


 

E para que quando você me olhe

Eu só sinta o meu coração acelerar

Ao chegar perto do seu.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Noites de Outono

A lua mente para mim esta noite. Olho para o céu e sinto teu gosto, o vento me toca e me arrepia. A sua lembrança ainda me assombra.

Minhas palavras são tão felizes sem ti, a falta que você me faz é facilmente traduzida em poesia, e sua presença se materializa em cada verso, nas entrelinhas da sua ausência. Ou minha ausência?

Bem, se foi eu quem me afastei enquanto nos víamos mais de perto. Eu quem fui embora ao amanhecer e não fiquei para ver seus olhos de fogos de artifício brilharem de novo. Se for eu o culpado do seu desamor, pois bem, me desculpo e me retiro e continuo a poetizar bonitos versos sobre o que não existe.

Mas não olhe para trás nem sinta raiva, pois em relação a isso tudo não olharei nem mesmo para frente. Fiquemos e finjamos uma amizade estruturada na nossa incapacidade de se afastar e na fria soberba que nos impede de sorrir um para o outro.

Iludamos pessoas que nada tem a ver com nossas frustrações usando falsas palavras e atos friamente calculados. Sim, nós sabemos fazer. É muito fácil.

Mas ainda assim não poderemos nunca fugir das estranhas noites de outono, do vento frio e lua brilhante que me dão a estranha sensação que você pensa, fala e faz exatamente como eu nesses momentos. A mágica do outono se manifesta e você está de novo perto de mim.

domingo, 3 de abril de 2011

Manifesto Comum(nista)


Aos filhos da inchada,
Da pá e do arado,
Não aos filhos da colheita

Aos filhos do volante,
Da boleia, da caçamba,
Não aos filhos da transportadora

Aos filhos da vassoura,
Do sabão, do pano de chão,
Não aos filhos da mansão

Aos filhos do tear,
Da linha e da agulha,
Não aos filhos do tecido

Aos filhos da construção,
Da colher de pedreiro e cimento,
Não aos filhos do edifício

Aos filhos órfãos dos fuzis,
Das bombas e das mortes inúteis,
Não aos filhos da guerra

Aos filhos de Havana,
Soweto e Rio de Janeiro,
Não aos filhos de Wall Street.

O socialismo se manifesta para você
Filho da injustiça e da fome,
Mas não da indignidade

Os que não têm nada
Têm tudo a conquistar
Ao fazer andar a locomotiva da história.

Somos os filhos da foice e do martelo,
Somos os pais da revolução,
Pátria ou morte!

Pensando em você (em uma ciencia à parte)


Entre as gotas de chuva
Os livros vermelhos de economia e política
Peguei-me pensando em você
Lembrando dos teus gestos, da tua voz
Dos versos corporais que te fazem poesia

Entre todas as ciências humanas
Encontrei-me numa ciência distante
Que tem o teu nome
Que experimenta a tua pele
E que pesquisa no teu intimo
A tua capacidade de ser poesia
E ser gente ao mesmo tempo
De ser perfeita e errante
De ser meu amor e não ser minha

Na tua dialética universal
Você é a paz que me põe em guerra
Com minhas metas, meus valores
Em você há minha felicidade e tristeza
Que se alternam conforme a distancia
Em intervalos de tempo instáveis
Entre essas paredes eu desvendo quebra-cabeças
As variáveis que te afastam
Frutos do produto que nos aproxima

Entre as gotas de chuva eu continuo
Decifrando o indecifrável
Tentando entender um sentimento
Que eu só deveria sentir.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Beatriz


Beatriz,
“Aquela que nos faz feliz”
Dona do “sorriso epidemia”
Que contagia pela visão
E logo toma a cabeça
Os lábios, as veias,
O coração.

Bela-atriz
Aquela que engana a realidade
Aquela que reinventa a verdade
E nos oferece
Mais doce e mais linda
Mais fácil de engolir.

Com um pedaço da alma, Beatriz
Com um pedaço
Do castelo que eu fiz
Da riqueza que ela não quis
Com um pedaço do sorriso
Ainda no rosto ela diz
Quem será capaz de me fazer feliz?


segunda-feira, 7 de março de 2011

Florescer

Eu quero um amor
Mas não um amor qualquer
Quero sentir o peito palpitar
A pele estremecer
A voz falhar
Quero sentir meus sinais vitais à flor-da-pele
Quando os meus olhos
Encontrarem com os dela
 

Eu quero um amor
E não uma paixão
Mesmo que não seja correspondido
Mesmo que eu ame sozinho
Pois paixão é receber
Dura pouco e tira a paz
Tantas vieram e nada deixaram
Mas amor é altruísta e sereno
E continua vivo quando o verso se vai.
 

Eu quero um amor
Pois amor nunca faz mal
Amor faz a alma brilhar
Quando as estrelas começam a se esconder
Dá tudo e não pede nada
Amar é ser humano na contramão da humanidade
Amar é viver de dentro para fora
Amar é florescer sem vegetar
Amar é dar a vida sem morrer
Coríntios 13:4



sábado, 5 de março de 2011

Rosa - Ângela


Ela é linda, inteligente. Sorri lindamente
E mente. Sente, e consente
Que a tristeza escorregue
Pelos cantos do sorriso às vezes.
Quem me dera, ó Deus
Limpar a tristeza do canto dos seus olhos
E deixar que seu sorriso minta deslumbrante
E que eu registre cada instante
Para que sua felicidade siga radiante
E sua imagem entre para a história
Não como a tristeza vazada
Mas como o sorriso blindado
Mas de um vazio só seu
E uma vontade só minha de preencher.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Obrigado pelos bons tempos


O que me fez mudar tão depressa? O que me derrubou do seu cavalo branco? Você não me reconhece agora? Eu sou o sapo que você beijou. Eu sou o homem que você assassinou.

E a garota do sul com um sotaque que me atrai, me dá uma sinfonia agridoce em silencio. Ela me deu a ironia. Os passos curtos rumo à verdade, os passos longos rumo ao nada. Eu não sei dar nenhum nem outro, apenas meus passos duros rumo à guerra.

"Haverá amor se você quiser", alguém disse. Mas eu tenho medo. Morro de medo. Morro de medo de morrer de amor. Morro de medo de morrer por amor. Mas isso não quer dizer que eu não possa morrer. Morrer por nada.

Eu deslizo por aí. Eu queimo por aí. E ninguém vê que eu não preciso mais fugir. E eu não vejo que sou um homem de sorte.

Essa é para a garota de queixo e voz macios, que me faz mentir com o coração partido para consertar a postura desconcertada que suas palavras me dão. Eu lhe devo essa porque sempre vou embora sem dizer 'obrigado pelos bons tempos'.



É preciso dizer antes que os tempos bons vão embora.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Para não dizer que não pensei em você

Ao cair da tarde eu senti falta de alguma coisa, alguma coisa que eu não tive, que eu poderia ter. Eu nem mesmo percebi quando você foi embora. Num dia você chegava me trazendo histórias sobre a luz da manhã agora me deixa estrelas no teto de casa.

E eu que não preciso de ninguém, nem pedi nada a você, agora vejo que você foi essencial pra que aquele momento acontecesse, e com o que você me deu, mesmo que brevemente, eu pude construir esse agora.

Pensando nisso vejo que você ainda tinha muito a me dar, mas eu não tinha nada para você. Eu sou infiel, insensato, sistemático, criterioso... E tenho-me só para mim.

Bem e se quer mesmo saber. Sim, acho que gostei de você um dia, mas não mais do que um dia, e não mais que a minha liberdade de ser uma má pessoa sem incomodar ninguém.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Felicidade

...eu estou indo de encontro a você, por que nós sempre fugimos se ir um de encontro ao outro é o que nós fazemos de mais bonito? Eu sou um homem de sorte, em quantas esquinas vou ter que aprender isso?

Eu não preciso que você me ame. Apenas se ame, e então venha celebrar a arte do amor próprio ao meu lado.

E também não me admire. Apenas abra seus olhos e veja como você é linda, e então venha dançar comigo, nós quebraremos nossos espelhos.

sábado, 22 de janeiro de 2011

E então...


Ontem eu escrevi até minha mão ficar cansada e depois nem ao menos entendi sobre o que estava escrevendo.
Hoje eu andei até meus pés ficarem vermelhos, e nem mesmo sabia para onde estava indo.
Nós sempre falamos sobre tudo nessa calçada, mas nunca falamos nada para o mundo.
Eu estou cansado de sair do lugar sem saber onde quero chegar.
Eu preciso descobrir para que serve ser jovem já que se passamos a juventude se preparando para ser velhos,
E então, quando formos velhos do que sentiremos saudades em ser jovens?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Super-herói




Quando era criança sonhava em ser um super-herói. Mas meus inimigos, em particular, não eram monstros gigantes ou vilões extravagantes. Nem mesmo ladrões, ou seqüestradores. Não. Eu sonhava com lutas espetaculares contra a pobreza, a injustiça e a corrupção. Uma vez, depois de um desastre natural ouvi minha mãe dizer que era dos malditos políticos a culpa disso, nesse momento então encontrei as figuras que faltavam aos meus sonhos, os inimigos que eu buscava destruir. Desde pequeno ouvi dizer que essas pessoas que roubavam nas ruas eram meras vítimas de um sistema. Um sistema comandado por gente grande, escolhida pela gente. Esses os tais políticos, que minha mãe excomungava. Eu cresci, aprendi algumas coisas na escola, na vida, mas sempre guardei as lições de casa e os sonhos de pequeno. Ainda quero ser um super-herói, hoje mais que qualquer dia na minha infância. Eu aprendi o que é política ao mesmo tempo em que aprendi a força que as palavras têm e como eu podia usá-las. Percebi que a famigerada política não é o monstro a ser destruído que é o tal sistema que o vilão que causa isso tudo, e que a política corrupta é apenas uma triste conseqüência dele . O que ainda sei é um pouco sobre pobreza, injustiça e corrupção, e quanto a isso os valores de família não mudarão. Hoje, olho para trás e digo, "eu estou dentro, mamãe. Essa é minha espada mágica. Eu ainda lembro-me de tudo o que você falou, e hoje sei um pouco sobre o mundo, sobre a política e sobre as palavras". Peço a benção e saio para voar, usando para invocar minha mágica as poucas palavras que sei sobre a verdade.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Vista da Serra do Vulcão em Nova
Iguaçu
 
 
E ainda assim, depois de tanto ter passado, e de tantos planos perdidos, ainda acredito que a saudade vem quando as memórias são maiores que os sonhos.
Por isso, enquanto houver perspectivas para a vida não haverá saudosismo nem ócio.
Eu escutei o que o tempo tinha a dizer, eu escuto as histórias que a manhã nos traz toda vez que o sol nasce.
Se eu sou hoje é por que eu sonhei.
Eu continuo sonhando e continuarei sendo.



domingo, 16 de janeiro de 2011

Eu, você e ele somos nós

Sinta enquanto o vento passa por nós
Enchendo nossos pulmões de cadáveres
E veja como nós tapamos as narinas
E continuamos apenas
Ouça os gritos terrivelmente calorosos de pânico
Seguidos do temido silencio gelado da morte
"Lá estávamos nós, e agora estamos aqui"
Os rostos amortalhados dizem ao descer o rio
Rumo ao seu destino final.
Enquanto o planalto paulista sucumbe ao Tietê
A Serra Fluminense se desfaz
E nós vemos que nossas imponentes fortalezas de concreto
São nada!
E vemos como nossos corações podem se partir
Por gente que nem se conhece
Por gente que padece e perece
Sob a mesma luz do sol que eu
Por que eu sou ele, você sou eu
E por mais que eles não estejam mais aqui
Juntos somos nós...
Somos nós morrendo
Somos nós chorando.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Rezando o amanhã

Acendendo minhas velas no escuro
Sutilmente, lindamente
Meu ritual me regenera
Após a mutilação da reflexão
Eu me deslumbro e me desperto
Disperso, me conforto
Foi só um ano, só mais um ano
Que acabou, mas nunca vai passar

A chuva cai, mas não faz nenhum som
Destruindo tudo que eu conheci lá fora
Enquanto o sol se retira
Envergonhado do dia
Eu acendo minhas velas
E espero estar aqui para vê-lo voltar
Calmamente, orgulhosamente
E aprender que felicidade e tristeza estão em tudo
É só uma questão de estado de espírito
E do tamanho da fé de quem vê

Vamos flutuar por ai com as borboletas
E deslizar por ai como o vento
Vamos nos esquecer por um ou dois minutos
Que o pânico está a caminho
E que em cada dia que passou
Ficou um pedaço da nossa vida

A juventude de um homem acaba,
Um homem jovem não.