terça-feira, 27 de setembro de 2016

Ibejis

atravesso os dias cinzas e o atlântico
feito flecha,
busco o sol e o chão vermelho
dos meus ancestrais.

tanto tempo faz,
quanto preto jaz.
do meu povo só me restam os dramas,
os carmas,
os sambas tristes,
e os orixás.

no morro moramos
nos sonhos
descalços dos pretos pequenos,
que escapam do doze
driblando o veneno,
que sabem lá dentro
que todo preto poeta
é um gênio,

da bola, da música,
ou da caneta...
quantos gênios
se esquivam da escopeta
e morrem no vestibular?

Ibejis,
gênios pretos.
demônios
que a igreja condenou,
a criança  que a escola abortou,
magia que a ciência calou.
o grito amigável no escuro
que me guiou.

que Oxalá ilumine e faça paz
aos geniozinhos, pretos ricos,
de pés pequenos descalços
que me fazem feliz.

Omi Beijada! Bejiróó!
farami só ibejis!

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