atravesso os dias cinzas e o atlântico
feito flecha,
busco o sol e o chão vermelho
dos meus ancestrais.
tanto tempo faz,
quanto preto jaz.
do meu povo só me restam os dramas,
os carmas,
os sambas tristes,
e os orixás.
no morro moramos
nos sonhos
descalços dos pretos pequenos,
que escapam do doze
driblando o veneno,
que sabem lá dentro
que todo preto poeta
é um gênio,
da bola, da música,
ou da caneta...
quantos gênios
se esquivam da escopeta
e morrem no vestibular?
Ibejis,
gênios pretos.
demônios
que a igreja condenou,
a criança que a escola abortou,
magia que a ciência calou.
o grito amigável no escuro
que me guiou.
que Oxalá ilumine e faça paz
aos geniozinhos, pretos ricos,
de pés pequenos descalços
que me fazem feliz.
Omi Beijada! Bejiróó!
farami só ibejis!