Dois mil e catorze:
o ano em que todos
os meus enlatados vencem,
o ano em que a violência
deixou de ser fascinante,
mesmo sem ter olhado
nestes teus olhos de chumbo.
me sinto cansado
e ainda é setembro,
digo assim como se
ao fim do ano
eu pudesse me deitar
e deixar esse fedor no passado.
ela está te matando,
cegando seus olhos,
matando sua astúcia,
e amanhã fará seu estômago doer.
eu te vejo bêbado, doente,
empobrecido, meu amigo.
seu espírito não é mais livre,
nem seu corpo.
eu te traí e te abandonei.
por isso agora, numa conta difícil,
tento subtrair este poema ruim
da minha culpa.
eu tive medo e tirei a mão,
mas por mim você quis
queimar e queimar.
e agora?
você foi onde tudo é nada
e me olha suplicando
enquanto vejo tua vida
se diluir e descer pelo ralo.
Espero te abraçar pela manhã
e olhar do alto das colinas do Cruzeiro
como nos velhos tempos,
só pra ver esta cidade cinza acordar.
mas essa noite eu canto sozinho
já que ainda é setembro
e pouco importa se logo mais é primavera.
não deixe parar
esta batida quebrada
do seu coração.
pois foi num desses ritmos
de tempos fracos que você me disse:
"eu atirei no sheriff"
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