quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Super-herói




Quando era criança sonhava em ser um super-herói. Mas meus inimigos, em particular, não eram monstros gigantes ou vilões extravagantes. Nem mesmo ladrões, ou seqüestradores. Não. Eu sonhava com lutas espetaculares contra a pobreza, a injustiça e a corrupção. Uma vez, depois de um desastre natural ouvi minha mãe dizer que era dos malditos políticos a culpa disso, nesse momento então encontrei as figuras que faltavam aos meus sonhos, os inimigos que eu buscava destruir. Desde pequeno ouvi dizer que essas pessoas que roubavam nas ruas eram meras vítimas de um sistema. Um sistema comandado por gente grande, escolhida pela gente. Esses os tais políticos, que minha mãe excomungava. Eu cresci, aprendi algumas coisas na escola, na vida, mas sempre guardei as lições de casa e os sonhos de pequeno. Ainda quero ser um super-herói, hoje mais que qualquer dia na minha infância. Eu aprendi o que é política ao mesmo tempo em que aprendi a força que as palavras têm e como eu podia usá-las. Percebi que a famigerada política não é o monstro a ser destruído que é o tal sistema que o vilão que causa isso tudo, e que a política corrupta é apenas uma triste conseqüência dele . O que ainda sei é um pouco sobre pobreza, injustiça e corrupção, e quanto a isso os valores de família não mudarão. Hoje, olho para trás e digo, "eu estou dentro, mamãe. Essa é minha espada mágica. Eu ainda lembro-me de tudo o que você falou, e hoje sei um pouco sobre o mundo, sobre a política e sobre as palavras". Peço a benção e saio para voar, usando para invocar minha mágica as poucas palavras que sei sobre a verdade.

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