o mentar prolongado
sobre o assunto que
não veio.
sobre o remédio que
não veio.
e não veio a utopia.
e tudo parou,
e tudo ruiu,
e tudo morreu.
a gota que insiste
e rasga a terra estéril
da face engelhada.
e dói pra sair.
não se sabe se é sangue.
não se sabe se é lágrima.
tem gosto de sal e facada
no fígado.
o que costas se abre,
não há mais perdão.
querer se afogar no rio,
o rio secou, o peixe morreu.
a vida fugiu do pescador
que soltou de um olho
a gota de arsênio
pra não levar chumbo.
e a vida fluiu
em outras fozes
ignorando o calar
de outras vozes
que valem tão pouco,
se falam de dor.
a menina que sonhou coletivamente
e o rapaz que amou ardentemente,
sucumbiram ao grito do apito senil
e à barbárie que ulcerou o coração
dos homens.
e então, o remédio não veio,
o abraço não veio, não veio a verdade,
não veio a empatia, e tudo partiu,
e tudo sumiu, e tudo embotou.
o que se segue
é o mentar
exausto, prolongado,
mas em verso,
porque melancolia,
pela melancolia,
nada resolve.
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