sábado, 9 de setembro de 2017

tô fumando pra caralho

manhã não vem 
um gato dá bola nas costas 
de um cachorro velho 
a fumaça sobe aos ceus cética

frio pra caralho e
nenhum par de coxas
pra se aconchegar
nenhum gole de conhaque
pra me comover

portão batendo rua afora
uma pobre coitada vai trabalhar
não sei se volta
e se voltar
volta menos

ela precisa de espaço
isso não cabe aqui

pra esse poema 
não sonho grande
não me fará rico
nem falado entre
os pequenos burgueses de esquerda

talvez me renda uns goles 
num sarau tosco de praça
uma salva falsa de palmas
um par de pernas pra se enroscar
(um par de chifres nos córneos de alguem)
um maço de cigarros baratos
um quê de patético
e unusual

quem sabe
faça a pobre coitada voltar
lembrada que precisa dormir. 

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