no céu só uma banda de lua
como um seio de mulher jovem
na terra
igrejas imitam shoppings
shoppings parecem bairros
manchando a paisagem nua
pequenas nuvens insinuam quadris
uma banda de bunda suaviza o horizonte
letreiros vermelhos e azuis
olhos cerrados por princípio
fumaça de maconha e tiner
e um sinal dizendo "vá"
a noite tenta imitar aquela pele
e quando acerta
queima como o sol
e tanto quanto queima
é intensa
treva e misteriosa
se veste as vezes
se neblina ou chove
faz saber que é melhor nua
preta e prada não se conjuga
quando vamos ao que importa
símbolos perdem o significado se
desço as curvas exageradas a toda
e sem freio mergulho desesperado
no rio salgado entre aquelas coxas
um grito desvairado que rasga o tecido da noite
uma contradição, um descuido
uma morte sem corpo, sem provas, sem epígrafe
tão magnífica que não cabe no poema
lisa e reluzente desvanece em minha boca
derrete como manteiga em meu rosto quente
se abro os olhos ela é enorme como o céu
e me cabe inteiro
nessas horas sou um poeta sem registros
fazendo obras primas instantâneas que deixam
cheiro no ar e saudade na boca
se eu tivesse papel descreveria melhor
minha ânsia de foder com as estrelas.
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