sexta-feira, 12 de junho de 2009

A dor

Ao fim da tarde, eu e minha esposa Tereza, voltávamos pela extinta Treze de Maio. O abismo que havia entre nós denunciava nossa angústia, a dor que sentíamos evidenciava que havíamos deixado um pedaço de nós naquele cemitério.
Não olhávamos para quem passava, já não olhávamos para o céu, já não esperávamos mais nada Dele. Olhávamos apenas para o chão, concentrando nele toda nossa dor, na esperança que ele se abrisse e acabasse com a nossa agonia.
No caminho também não nos olhávamos, de alguma forma víamos um na face envelhecida do outro, que outrora dava tanta felicidade em ver, o rosto daquele menino, que entrava pela sala tomando a benção, que lutava par não tomar banho ates de dormir ou para ir à escola nas manhãs frias, ou mesmo daquele rapaz alto e belo que nos ofereceu o buquê da formatura, como se nós é que tivéssemos feito.
Parece agora que entramos em uma contagem regressiva para reencontrar aquele que prometeu nunca nos abandonar. Vinte e cinco anos de nossas vidas nós tivemos que enterrar para tentar viver o que nos resta e morrer dignamente em outro lugar. Que sentido agora, deve ter nosso miserável resto de vida? O de sofrer e chorar? Ou o de viver a nostalgia eterna daqueles vinte e cinco anos que se foram?
Não sei, me parece agora que isso tanto faz. A droga já faz efeito. Vamos descansar em paz.

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