sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

A ilha

Pobres os que os gritos emergem das aguas
O sol castiga os homens e depois a noite
uma melancolia escura boia no horizonte
e o descansar dos passaros, o cair das folhas

Tudo que desabrochou um dia finda por perecer
em troca de um silencio ruidoso vindo do mar
que infecta o ar acabrunhado da ilha
com a marisia podre, mas sedutora, da baía

e todo fim de tarde atravessar a ponte do medo
da incerteza, e dar novamente naquela ilha
há muito reclamada pelos velhos chefes do velho estado da guanabara
e hoje um amontoado qualquer de prédios e um povo nauseado pelo mar.

Todos os dias nos corredores impassiveis daquele velho prédio
Esperando que o imponderável possa ressurgir do caos daquele leito cético.

Todos os dias, finalmente, vencer o temor da noite
voltar pela mesma ponte e novamente se assombrar
pelos mesmos gritos que emergem da baia e
que um dia foram deixados pra trás por outros como eu.

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