quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Alagoas

pequeno montinho de terra
entretanto
monumental.

vence na marra terra adentro
os limites áridos de Pernambuco
guarda a serra em que o espírito revolucionário
de meus antepassados repousa
e é tudo que sei de ti.

guardas também uns pescadores, umas senhoras
com as rugas do sol gigante dessa terra
aboios, toadas, cavalhadas e socorros
pés que se arrastam na terra
de dia na lida
e a noite
num afluente caótico e moreno de amor.

aprendi a te querer pelas curvas
que tua alma desenha na minha
quero tocar teu chão macio com todos os meus poros
ir fundo em ti
que tuas curvas
e cicatrizes
me cabem inteiro.

olhas o horizonte sedento do atlântico e vence
vês a terra seca matar tudo o que se planta e vence
combates contra a dor como quem combate a morte,
mexes nas feridas abertas como teus rios e vence
resiste contra o latifúndio
que mancha tua perspectiva bucólica
e vence

e vencendo
avança.

Alagoas, alagoana
das imagens que por hora me ocorrem em poesia
do cheiro de infância que vem a boca
da saudade que me invade as terras baixas fluminenses
onde também vive o brasil brasileiro
que aprendeste a amar como a mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário