segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

poema de amor em Pilares

A chuva surra os telhados
as ruas sofrem em silêncio
o ar entra pela janela e para
a noite permanece incômoda
sou o fantasma mais lento da casa
avanço cômodo a cômodo porquê?
ouço as baratas no esgoto e me alegro
bom saber que não estou sozinho.
As sirenes do morro do urubu uivam
são meras mensageiras da tragédia
fecho os olhos e com pouco esforço
vejo a pele e a classe em desespero
ah, minha alma sebosa e mesquinha,
meu coração grande mas vazio,
diante da concretude das coisas
me dou folgas ao chorar por amor
me jogo então,  ao esmeril da autocrítica
aos fatos duros e irrefutáveis do mundo
perdoe a mim, mulher feita de ouro
mas seguirei sem o furor da despedida
pois se toda lágrima de dor
é pobre e preta
todo poema de amor vira
pequeno-burguês

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