é como se não pudesse
e se pudesse não tentasse,
mas pra todas depois de ti
meu coração encrudesce,
e é como se nosso caminho
eu outra vez palmilhasse,
e ao examinar onde nos perdemos
me perdesse outra vez nas respostas,
atravessadas, mal dadas e sujas,
nas minhas mentiras, nas suas,
nas nossas piores apostas.
agora o mundo se abre
e se mostra pra mim como um sonho,
o simulacro mudo de um riso
ecoando por acres e acres
ao lembrar teu rosto risonho.
a duras penas me recomponho
e me ponho a fitar o inverno,
usarei de todo artifício
pra demolir em mim o edifício
erguido pela fábula do amor eterno.
se entre outras pernas te mato
na solidão eu não te renego,
te invoco em conhaques e cigarros
e aquele velho roto eu não nego,
teu folheto avisou mas sou cego,
é mesmo o amor um cão dos diabos.
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