sábado, 17 de janeiro de 2015

Sobre o amor

às vezes acaba
às vezes demora
às vezes trai

às vezes sai
para comprar cigarros
e não volta

mas às vezes,
e só às vezes
fica pra sempre no peito

ao contrário
do que se pensa por aí
amor não é fórmula
e não senta no divã

não é uma família
uma casa
e um sedã

amor não é classe
e não é médio
amor é grande
nem sempre é hétero

amor se mede
mas a conta é infinita
amor se define
ao mesmo tempo
que se limita

pode ser
um desenho à mão livre
de uma criança

ou os riscos no chão do salão
depois da dança

marcando o toque
e a parceria
fingindo sincronia

pois no tango
há sempre alguém
que chora

amor não é constância
é transitoriedade
é o orgasmo de estrelas
da eternidade

o amor é moleque
e pula a janela
amor não é cais do porto
amor é barco à vela.

levado no vento
por essa imensidão triste
desenhando estrelas
em tudo o que existe.

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