Um cigarro queimando entre os dedos
Um comichão queimando no peito
Na camiseta o velho Chaplin desbotado
Falando de plateias e palhaços
Tudo a minha volta cheira
A olhos molhados e poeira
E tudo aqui dentro escorre pra fora
Tudo lá fora me olha.
O sofá cochicha com a estante
A cadeira rangendo a todo instante
A janela sussurra uma brisa fria pela sala
Meu violão envergonhado, se cala
Eu não me espanto,
Não falo, não olho, não me levanto
Ouço a memória de seus pés tocando a escada
E prossigo nestas linhas sobre nada.
Ponderando os caprichos do egoísmo
Uma formiga em queda-livre num abismo
Sua falta vem ter comigo esta noite
A mais bela visita de hoje.
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