quarta-feira, 24 de agosto de 2016

tenho vontade 
de agarrar a liberdade
finalmente, 
e simplesmente por fim
a minha dor.

tenho vontade
de andar pelo interior das mazelas 
do meu povo,
e de ver cada rosto, 
de ouvir cada história,
de chorar cada morte.

mas me ressalto,
e tanto medo tenho de ser livre,
e me libertando sozinho,
tornar-me só.

e me resigno,
pois sendo simples parte de mim
não pode ser simples o fim
da minha dor.

me desanimo,
no desalinho da minha vida,
pois caminho no interior de mim mesmo
e me perco.

tenho medo,
e tanto, tanto medo,
de ver um rosto e não lembrar,
de ouvir uma história e não viver,
de ver a morte e não chorar.

tenho medo 
do álcool que me é 
companhia perigosa 
toda noite,
tenho medo do câncer,
que uma hora ou outra 
me acometerá.

mas medo tenho,
acima de tudo,
de mim mesmo,
e da minha capacidade inútil

de ser livre
mas não saber
para onde ir.

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