terça-feira, 14 de outubro de 2014

13 de outubro

Quanto vale mais um ano?

rastejo pelo Centro
feito um rato
perseguindo
um caminhão de lixo.
pisco os olhos,
mas o perfume
- não o fedor -
do chorume
os mantém abertos.

meus braços
são duas bigornas,
meus ombros ancoram.
eu sou um zumbi.

nos galhos secos
de uma arvore qualquer
uma coruja morre
calada.
me vejo naqueles olhos
solitários e poderosos,
pedimos socorro
um para o outro,
ela me parte o peito
mas não consigo
fazê-la entender.
ela cai abatida.
eu saio voando.

prefiro os pobres,
os bêbados,
os sinceros.
prefiro os que
caminham
pro lado contrário.

nesses dias como o de hoje
a náusea é maior que a flor,
são dias de fezes, maus poemas e caminhões de lixo.

são dias de ratos e não de corujas,
da primavera que não desabrocha,
são dias de outubro e de chumbo
e nenhuma flor romperá o asfalto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário