me ajude a escrever um poema
pegue na minha mão e desenhe o futuro
anuncie em meu ouvido as palavras que se formam
lentamente, num murmúrio afável de mãe.
fizeram-me bom para o combate
mas ódio nunca me foi suficiente
faltou-me o porquê, fui atrás
insone, soturno, deixei-me tocar
seus pés, seus olhos, sua boca
na noite fria o mundo se entreabriu
o gozo, o grito surdo me pariu
nasci de novo para descobrir que não havia sentido
e que o mundo se esvaia mais um pouco nessa ausência
é uma veia que não estanca, e não se cala
sua falta grita alto em minh'alma.
minha força se desfaz sem perceber.
sê forte, e me suporta mais um pouco
sê resiliente, e tente mais uma vez
sê meu porquê, e não te importa de sê-lo.