sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

ausência

não há o que dizer sobre o deserto
onde o futuro é uma linha tênue
camuflada pela noite, boiando no horizonte

onde depois da hora mais escura
do instante mais frio
o sol põe fogo no céu,
o céu põe fogo no chão.

o amanhecer na cidade é parecido
quando tudo o que se vê
é um deserto de concreto armado no aço,
e o céu tem a cor da fumaça do cigarro.
eu fico aqui camuflado na noite,
a fumaça vai boiando no horizonte.

eu queria meu travesseiro de vento
eu queria um buraco no tempo
mas só o que eu tenho é a ausência
no ar quente parado deste frio pré-matinal

A imensidão em mim é absurda, paradoxal
estou cheio de acres e acres de espaço
meu grito de dor se expande, os preenche e morre.
e no espelho dos meus olhos não há nada.

sem chão, sem céu, sem paredes ou portas
meu peito é deserto, meu nome é ausência.

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