quinta-feira, 13 de outubro de 2016

treze de outubro

Há uma fronteira final
depois dos vinte e cinco.
uma égide imaginária
que defende os meninos
dos homens que eles se tornaram,
cheios de vícios e
parcos amores e
interesses mesquinhos.
na madrugada que separa
os vinte e poucos dos
vinte e tantos,
os sonhos perdem o sentido,
as bebidas o poder de transformar,
as manhãs o sabor.
uma flor se joga ao vento
já sem perfume
sem nome
num jardim moribundo
contando os dias
para morrer.

sábado, 8 de outubro de 2016

por que todo amor vale a pena?

os belos porque florescem
e deixam jardins de memórias
que a vida não deixa morrer,

os feios porque embotam
e se entranham, se embebem
em melodia
e se metamorfoseiam,

como borboleta,

em leves e aprazíveis
sambas tristes.

este não é mais um poema de amor

os versos que transbordam em mim
não falam de olhos que quase
se tocam ao se ver,
nem de sorrisos frouxos
que saltam um
por cima do outro.
não falam das noites em claro
na volúpia dos encontros,
ou na ânsia compartilhada
de tê-los.

este poema
de versos tão curtos,
tem entrelinhas que desarrolam
e se estendem
entre dois mares
que se acabam 
na terra seca
dos desencontros.

Este não é mais um poema de amor
que escrevo com a minha pele
na tua.
não é mais um poema de amor
que cantamos bêbados pela rua,

este não é mais um poema de amor
porque não te amo mais. não!
não somos mais um poema de amor
porque nossos versos
escritos a seco
em nossas peles escuras
doem demais.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

para um amor sem vergonha

eu tenho um amor
que não se chama amor.
um descuido que mora
nos olhares sedentos,
e nos pensamentos
indecentes
da madrugada.

que rejeita a ternura,
os calafrios e palpitações,
que prefere o calor
que se alastra
nas calças
quando a vejo.

eu tenho um amor
que não vale um carinho,
que não vale o afago
que um poema faz
n'alma.

é um amor vagabundo,
bagaceiro, de pelos pubianos
que se enroscam,
de seios que se tocam
e se desprezam depois
indo embora
antes do outro acordar.