sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Ao tocar Cartola

Eu nasci negro
de pele e de íris
com o cheiro da noite.
eu nasci frágil
de olhos tristes
morrendo de medo,
cresci nesse mundo
de pai, mãe
e exagero,
me criei no seio da rua
no brilho da lua
no desespero.
vivi pros acordes em quinta,
pras guitarras vermelhas
distorcidas,
pra esse rock
uivado pra lua.
pro vento frio
que me espanca
a pele nua.
depois de vinte e poucos anos
dessa noite com
gosto de chumbo,
à madrugada no auge
do inverno vejo
que a melhor coisa
que me aconteceu nesse mundo
foi o samba.
este samba que
me ferve o sangue nas veias,
me faz mexer as cadeiras,
que faz meu pesado violão flutuar.
nestas cordas de aço
sinto a extensão
do meu corpo,
nestes suaves acordes
a extensão da minh'alma,
mas é cantando
e olhando teus olhos, mulher
que sinto a calma.
ao terminar a canção
te pego pela mão,
corro e olho o céu
como o poeta mandava
te beijo a boca em minha mente
e desintegro esta sala.

sábado, 23 de agosto de 2014

Pras rosas que não falam

Hoje eu nasci pra poesia
Não me amole
Não me solte
Pois eu vou
Talvez não volte

Hoje eu nasci pro violão
Pras rosas que não falam
Não me aplauda
Não me pare
E que esse samba
Nunca acabe.