quinta-feira, 16 de maio de 2013

Não diga Amém (parte II)


Entre na forma suja da semente do seu pai
Você, fruto do coito e da carne
Agora dorme num ventre vadio qualquer
Nasça na forma suja, humana, errante
Semelhante a própria semelhança
Cresça num lar de amor
É lindo ser o motivo pelo qual eles ainda não se mataram,

Papai x Mamãe

Vá para a escola, suba na escada do sucesso
Pise em alguns no caminho
Tire todos do seu caminho
Mas não se esqueça de ir a igreja aos domingos
Deus não gosta quando você não pede perdão
Mesmo quando vai fazer tudo de novo

Peque um pouco,
Sofra um pouco,
Morra um pouco,
Como é bom ser jovem!

Tenha um emprego que lhe sobre tempo e dinheiro
Para engordar como um porco
Bebendo cerveja na frente da TV
Case-se com a loira mais bela,
Mas tenha um caso com a ruiva,
Quem sabe um bastardo com a negra?
Trate todas como carne
Assada. Comida.

Compre uma casa,
Compre um carro,
Compre uma arma,
Ou faça uma com o carro depois da cerveja

Uma arma para si mesmo.

E se eu fosse o diabo?
E se eu fosse Deus?
E se eu fosse você?
Metade do homem que eu costumava ser.
Metade do erro que eu vou cometer
Metade das coisas que eu quero ter

Ser o que ter!?

E se eu fosse um bom rei
Morando em um pequeno castelo triste
No reino mais pobre que existe.

Não pobre de ouro,
Pobre de gente.

E que Deus não seja louvado nos rodapés da moeda desse reino
Mas que a deusa pagã da revolução
Nos sorria na beleza desta nota
Santificado seja o teu nome
Você que não é santo nenhum
Mas tem o nome de um santo qualquer.

A corrupção da ignorância é inocente
Abençoado seja o que rouba sem ver,
O que mata sem ouvir,
E o que morre sem gritar.

Abençoado seja o deus dinheiro
Que compra todas as coisas
materiais ou imaterias
Que podem ser vistas ou não
Para todo sempre.
Não diga amém!

Vocábulos, rascunhos, retalhos

POESIA:
O partido político dos homens tristes.
Por ela estou a me manifestar de novo.
Queria mais,
queria um violão amigo para assassinar os sublimes acordes de uma triste canção.
Mas tenho pouco,
Tão pouco o quanto preciso:
Linhas tortas, palavras mortas e lágrimas.

A vida é uma cachoeira, meu rosto é um rio
E só hoje não dormirei bem
Eu peço que conte todas as estrelas do seu céu
Para ter certeza de que a minha estrela se apagou
No meu céu você ainda irradia seu amor
No meu céu você ainda é o sol.

Começo milhões de poemas sem terminar nenhum
Um para cada tentativa,
Um para cada suspiro meu.
Minha vida é mesmo feita de rascunhos,
Retalhos de sorrisos, pétalas de flores secas,
gritos que não saíram da garganta.

Palavras,
as amigas que odeio
Por serem as mais sinceras
Por estarem sempre aqui
São as mesmas que me ocorrem agora
Elas nunca vão embora.