sábado, 24 de novembro de 2012

Confusão e poesia

Uma levada me leva pra longe no jazz
Grafites nos papéis, histórias na parede
Um cigarro, uma gaita, uma rede
E as ideias indo e vindo no inconsciente
Sigo consciente do vento que me brisa e me conserva
No espelho observo, reflito e verbalizo o "Ser poeta":
Uma metralhadora humana
Alvejando multidões,
Com versos e flores calando seus canhões

Acho que sou um rei num castelo triste
Ou o profeta mais perdido que existe
Uma criança que põe o dedo médio em riste
Ignora a ignorância desse mundo e resiste.

Alguns abrem o coração
Outros abrem a mente
Eu abro um buraco negro no chão e enterro as minhas correntes
Planto minhas sementes, rego com o que tenho dito
Minhas palavras têm pés, têm asas e sorrisos

O que sou eu além de canalizador do dom?
O que sou além de amplificador do som?

Entro e saio desse caos de Antônios e Antônias
Planto capsulas de fuzil, mas colho begônias

Sou o caos por trás da caneta
E estou perdido em mim mesmo
Nos meus versos me olho nos olhos sem usar espelho
Quero viver em confusão e poesia com alguém
Até que o papel se rasgue e as palavras digam amém.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Sozinho; Junto...

Um cigarro queimando entre os dedos
Um comichão queimando no peito
Na camiseta o velho Chaplin desbotado
Falando de plateias e palhaços

Tudo a minha volta cheira
A olhos molhados e poeira
E tudo aqui dentro escorre pra fora
Tudo lá fora me olha.

O sofá cochicha com a estante
A cadeira rangendo a todo instante
A janela sussurra uma brisa fria pela sala
Meu violão envergonhado, se cala

Eu não me espanto,
Não falo, não olho, não me levanto
Ouço a memória de seus pés tocando a escada
E prossigo nestas linhas sobre nada.

Ponderando os caprichos do egoísmo
Uma formiga em queda-livre num abismo
Sua falta vem ter comigo esta noite
A mais bela visita de hoje.