segunda-feira, 11 de abril de 2011

Noites de Outono

A lua mente para mim esta noite. Olho para o céu e sinto teu gosto, o vento me toca e me arrepia. A sua lembrança ainda me assombra.

Minhas palavras são tão felizes sem ti, a falta que você me faz é facilmente traduzida em poesia, e sua presença se materializa em cada verso, nas entrelinhas da sua ausência. Ou minha ausência?

Bem, se foi eu quem me afastei enquanto nos víamos mais de perto. Eu quem fui embora ao amanhecer e não fiquei para ver seus olhos de fogos de artifício brilharem de novo. Se for eu o culpado do seu desamor, pois bem, me desculpo e me retiro e continuo a poetizar bonitos versos sobre o que não existe.

Mas não olhe para trás nem sinta raiva, pois em relação a isso tudo não olharei nem mesmo para frente. Fiquemos e finjamos uma amizade estruturada na nossa incapacidade de se afastar e na fria soberba que nos impede de sorrir um para o outro.

Iludamos pessoas que nada tem a ver com nossas frustrações usando falsas palavras e atos friamente calculados. Sim, nós sabemos fazer. É muito fácil.

Mas ainda assim não poderemos nunca fugir das estranhas noites de outono, do vento frio e lua brilhante que me dão a estranha sensação que você pensa, fala e faz exatamente como eu nesses momentos. A mágica do outono se manifesta e você está de novo perto de mim.

domingo, 3 de abril de 2011

Manifesto Comum(nista)


Aos filhos da inchada,
Da pá e do arado,
Não aos filhos da colheita

Aos filhos do volante,
Da boleia, da caçamba,
Não aos filhos da transportadora

Aos filhos da vassoura,
Do sabão, do pano de chão,
Não aos filhos da mansão

Aos filhos do tear,
Da linha e da agulha,
Não aos filhos do tecido

Aos filhos da construção,
Da colher de pedreiro e cimento,
Não aos filhos do edifício

Aos filhos órfãos dos fuzis,
Das bombas e das mortes inúteis,
Não aos filhos da guerra

Aos filhos de Havana,
Soweto e Rio de Janeiro,
Não aos filhos de Wall Street.

O socialismo se manifesta para você
Filho da injustiça e da fome,
Mas não da indignidade

Os que não têm nada
Têm tudo a conquistar
Ao fazer andar a locomotiva da história.

Somos os filhos da foice e do martelo,
Somos os pais da revolução,
Pátria ou morte!

Pensando em você (em uma ciencia à parte)


Entre as gotas de chuva
Os livros vermelhos de economia e política
Peguei-me pensando em você
Lembrando dos teus gestos, da tua voz
Dos versos corporais que te fazem poesia

Entre todas as ciências humanas
Encontrei-me numa ciência distante
Que tem o teu nome
Que experimenta a tua pele
E que pesquisa no teu intimo
A tua capacidade de ser poesia
E ser gente ao mesmo tempo
De ser perfeita e errante
De ser meu amor e não ser minha

Na tua dialética universal
Você é a paz que me põe em guerra
Com minhas metas, meus valores
Em você há minha felicidade e tristeza
Que se alternam conforme a distancia
Em intervalos de tempo instáveis
Entre essas paredes eu desvendo quebra-cabeças
As variáveis que te afastam
Frutos do produto que nos aproxima

Entre as gotas de chuva eu continuo
Decifrando o indecifrável
Tentando entender um sentimento
Que eu só deveria sentir.