sábado, 29 de janeiro de 2011

Para não dizer que não pensei em você

Ao cair da tarde eu senti falta de alguma coisa, alguma coisa que eu não tive, que eu poderia ter. Eu nem mesmo percebi quando você foi embora. Num dia você chegava me trazendo histórias sobre a luz da manhã agora me deixa estrelas no teto de casa.

E eu que não preciso de ninguém, nem pedi nada a você, agora vejo que você foi essencial pra que aquele momento acontecesse, e com o que você me deu, mesmo que brevemente, eu pude construir esse agora.

Pensando nisso vejo que você ainda tinha muito a me dar, mas eu não tinha nada para você. Eu sou infiel, insensato, sistemático, criterioso... E tenho-me só para mim.

Bem e se quer mesmo saber. Sim, acho que gostei de você um dia, mas não mais do que um dia, e não mais que a minha liberdade de ser uma má pessoa sem incomodar ninguém.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Felicidade

...eu estou indo de encontro a você, por que nós sempre fugimos se ir um de encontro ao outro é o que nós fazemos de mais bonito? Eu sou um homem de sorte, em quantas esquinas vou ter que aprender isso?

Eu não preciso que você me ame. Apenas se ame, e então venha celebrar a arte do amor próprio ao meu lado.

E também não me admire. Apenas abra seus olhos e veja como você é linda, e então venha dançar comigo, nós quebraremos nossos espelhos.

sábado, 22 de janeiro de 2011

E então...


Ontem eu escrevi até minha mão ficar cansada e depois nem ao menos entendi sobre o que estava escrevendo.
Hoje eu andei até meus pés ficarem vermelhos, e nem mesmo sabia para onde estava indo.
Nós sempre falamos sobre tudo nessa calçada, mas nunca falamos nada para o mundo.
Eu estou cansado de sair do lugar sem saber onde quero chegar.
Eu preciso descobrir para que serve ser jovem já que se passamos a juventude se preparando para ser velhos,
E então, quando formos velhos do que sentiremos saudades em ser jovens?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Super-herói




Quando era criança sonhava em ser um super-herói. Mas meus inimigos, em particular, não eram monstros gigantes ou vilões extravagantes. Nem mesmo ladrões, ou seqüestradores. Não. Eu sonhava com lutas espetaculares contra a pobreza, a injustiça e a corrupção. Uma vez, depois de um desastre natural ouvi minha mãe dizer que era dos malditos políticos a culpa disso, nesse momento então encontrei as figuras que faltavam aos meus sonhos, os inimigos que eu buscava destruir. Desde pequeno ouvi dizer que essas pessoas que roubavam nas ruas eram meras vítimas de um sistema. Um sistema comandado por gente grande, escolhida pela gente. Esses os tais políticos, que minha mãe excomungava. Eu cresci, aprendi algumas coisas na escola, na vida, mas sempre guardei as lições de casa e os sonhos de pequeno. Ainda quero ser um super-herói, hoje mais que qualquer dia na minha infância. Eu aprendi o que é política ao mesmo tempo em que aprendi a força que as palavras têm e como eu podia usá-las. Percebi que a famigerada política não é o monstro a ser destruído que é o tal sistema que o vilão que causa isso tudo, e que a política corrupta é apenas uma triste conseqüência dele . O que ainda sei é um pouco sobre pobreza, injustiça e corrupção, e quanto a isso os valores de família não mudarão. Hoje, olho para trás e digo, "eu estou dentro, mamãe. Essa é minha espada mágica. Eu ainda lembro-me de tudo o que você falou, e hoje sei um pouco sobre o mundo, sobre a política e sobre as palavras". Peço a benção e saio para voar, usando para invocar minha mágica as poucas palavras que sei sobre a verdade.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Vista da Serra do Vulcão em Nova
Iguaçu
 
 
E ainda assim, depois de tanto ter passado, e de tantos planos perdidos, ainda acredito que a saudade vem quando as memórias são maiores que os sonhos.
Por isso, enquanto houver perspectivas para a vida não haverá saudosismo nem ócio.
Eu escutei o que o tempo tinha a dizer, eu escuto as histórias que a manhã nos traz toda vez que o sol nasce.
Se eu sou hoje é por que eu sonhei.
Eu continuo sonhando e continuarei sendo.



domingo, 16 de janeiro de 2011

Eu, você e ele somos nós

Sinta enquanto o vento passa por nós
Enchendo nossos pulmões de cadáveres
E veja como nós tapamos as narinas
E continuamos apenas
Ouça os gritos terrivelmente calorosos de pânico
Seguidos do temido silencio gelado da morte
"Lá estávamos nós, e agora estamos aqui"
Os rostos amortalhados dizem ao descer o rio
Rumo ao seu destino final.
Enquanto o planalto paulista sucumbe ao Tietê
A Serra Fluminense se desfaz
E nós vemos que nossas imponentes fortalezas de concreto
São nada!
E vemos como nossos corações podem se partir
Por gente que nem se conhece
Por gente que padece e perece
Sob a mesma luz do sol que eu
Por que eu sou ele, você sou eu
E por mais que eles não estejam mais aqui
Juntos somos nós...
Somos nós morrendo
Somos nós chorando.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Rezando o amanhã

Acendendo minhas velas no escuro
Sutilmente, lindamente
Meu ritual me regenera
Após a mutilação da reflexão
Eu me deslumbro e me desperto
Disperso, me conforto
Foi só um ano, só mais um ano
Que acabou, mas nunca vai passar

A chuva cai, mas não faz nenhum som
Destruindo tudo que eu conheci lá fora
Enquanto o sol se retira
Envergonhado do dia
Eu acendo minhas velas
E espero estar aqui para vê-lo voltar
Calmamente, orgulhosamente
E aprender que felicidade e tristeza estão em tudo
É só uma questão de estado de espírito
E do tamanho da fé de quem vê

Vamos flutuar por ai com as borboletas
E deslizar por ai como o vento
Vamos nos esquecer por um ou dois minutos
Que o pânico está a caminho
E que em cada dia que passou
Ficou um pedaço da nossa vida

A juventude de um homem acaba,
Um homem jovem não.