sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sem canção, sem bordão, sem paixão

Fazendo agitação mas morrendo de medo
Adoro quando você caminha mais rápido que eu
E eu tenho seu gingado a meu dispor
A segurança dos seus passos me assusta
Eu provo a minha insegurança e gosto
Quebrando o cheiro azedo da minha soberba

E mesmo me escondendo por trás
Da cortina poluída do meu orgulho e
Da fumaça densa do meu cigarro
Eu tenho que admitir que seu jardim floresça mais rápido que o meu
Mas o que realmente me envergonha é que
Você não está no céu por isso
E nem me olha por cima

Eu estou contemplativo hoje
Em busca de uma inspiração que seja
Ouvindo a solidão do som da minha respiração
E quanto mais tento fugir do clichê e da perfeição
Mais me aproximo deles

O que um tem haver com o outro é que
O clichê é perfeito aos ouvidos
Agrada a todos de certo modo
É ideal, é perfeição.

O que o outro tem haver com o um?
Não há nada mais clichê que tentar ser perfeito
E mais, não há nada mais clichê que dizer
Que a perfeição não existe
Ela existe sim, só não está em você...
Nem em mim.

Exceto os relâmpagos e as nuvens carregadas de ódio e... água
O dia sim é perfeito, perfeito pra competir com seus beijos
E provar que eu sou mais idiota que você
O que há de poético em se foder?
É isso o que eu quero saber
Cigarros e álcool já não fazem o mesmo efeito
Então vamos tentar de novo
Sem canção, sem bordão, sem paixão

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Náufrago

Escreva sobre a vida
Fale comigo sobre ela.
Me explique sua arte de deslizar por aí,
E nunca dar o melhor de si,
E nunca se importar com o próximo passo.

Desenhe imagens sobre o amor
E faça-me senti-lo.
Não quero mais ouvir seus passos frios
Depois de me tocar sutilmente,
E meu coração se aquecer instantaneamente

Enquanto você dormia e sonhava
Que dançava sem música,
Me fazia imaginar o que quisesse.
Ouvindo apenas o som dos meus passos,
E tendo medo que o som cansado da minha respiração
Quebrasse seu sono.

Eu não queria acordar e ver
Seu olhar delator sobre mim,
Acusando os erros que cometi
Enquanto naufragávamos no nosso mar de suor
E volúpia.

Agora que estou livre do que você é
Por favor, me diga:
Por quanto tempo eu naveguei no seu mar de mentiras?

sábado, 2 de outubro de 2010

Florescendo

Outubro,
Folhas e flores novamente
A vida se abre
Em milhões de cores, formas
E oportunidades.

O choque do raio enfraquece
O veneno frio se dissipa
Mas nunca acaba...
A primavera está contaminada
E nós estamos vulneráveis ao amor...

Pena que seja só outubro, novembro, dezembro...
Pena que a primavera seja só uma estação
E que a vida como um trem circular
Apenas passe por ela
Passe mais devagar, mais sublime, mais bonita,
Mas apenas passe.

Esse é o tempo
Eu estou pronto
Desenterre sua alma
E deixe-a voar comigo
O céu brilhante da primavera
Será eterno essa noite

Para o amanhã incerto
Apenas guarde uma estrela e uma canção
Agüente firme quando o frio chegar
Talvez meu mundo caia antes de você acordar
E você não me verá ao seu lado pela manhã
Não tente regar com suas lágrimas
As flores que caírem secas no chão.