segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"Trocando uma ideia" com Deus (parte II)

Eu sujei meu corpo
Mas não perdi minha alma
Eu cavei minha própria cova
Mas não tive coragem de morrer
Eu furei meus olhos
Para não ver o fruto desse ódio
Mas ainda posso ver a verdade,
E quanto ao ódio
Eu ainda posso senti-lo
Nos meus versos, nas minhas veias

Deus, eu sou o bastardo
Que reivindica o seu amor
Eu não quero seu perdão
Sua misericórdia
Sua maravilhosa pena dos seres pequenos
Eu quero apenas seu amor,
Eu não quero seu paraíso
Não quero sua vida eterna

Parece que todos os caminhos
Levam-me a lugar nenhum
As balas continuam a falar mais alto
E o nosso Santo Ódio continua a governar
Enquanto Deus não me diz nada
E não interfere na minha carnificina

Andando sozinho pelas ruas da cidade
Madrugada fria, suja, seca, subtendida
Luzes solitárias, pessoas de almas mortas
Que Deus há aqui?

Sim, eu estou louco
Mas não estou errado
O assassino não sou eu
É você

Eu condenarei Deus no juízo final.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sequelas do que o tempo não curou

O ar me falta essa manhã
O sol me fere, o sangue ferve

Minhas idéias, como sempre,
Correm soltas pela mente
E eu incapaz prendê-las

Por mim os carros passam,
Pessoas apertam o passo,
Pra frente e sempre...

Hoje ninguém olhou o céu
Ninguém viu o que há de diferente.
Não viram que o sol rasga a pele como nunca
E seus raios agridem os olhos impiedosamente

E que a vida viciosa consome nossas mentes

Será que ninguém enxerga como eu
Será que eu sou o louco, de quem todos estão rindo
Pois mesmo que veja a verdade
Não sei rir de ninguém

Eu queria encontrar Deus
Eu queria acender minhas velas e estar em paz
Eu queria estar deslumbrado como todos
Mas não estou...

A anestesia natural do tempo não fez efeito
Eu ainda posso sentir enquanto rasgam minha alma
E violam meu coração.

Eu ainda posso sentir quando tentaram meu espírito
Que era forte demais para ser quebrado
Mas fraco demais para resistir.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Heroína

Canhões de fluoxetina te destroem
Mas foi você que engatilhou a arma
Nós fomos onde tudo é irreversível
Mesmo todo dia nascendo igual

Por quê?
Por que você caminha lentamente para morte?
Por que você faz isso consigo mesma?

Ouvindo o blues dos afogados
Você mergulha e eu te salvo, eu te protejo
Mesmo que não possa te proteger de você mesma
E mesmo que você já não queira proteção.
Eu parei e você foi, e eu tive medo
Medo de não ter medo como você não tem
Eu me queimei e recuei
Você quis queimar para sempre
E eu te admirei, minha heroína

Suas veias machucadas se escondem
Enquanto você procura a morte
O sangue fervente que passa
A espera dos glóbulos verdes.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Eu sou o sol

Agora eu sou a chama,
E você não pode mais me tocar,
Você não pode mais brincar comigo
Não chegue perto, não me olhe assim

Agora eu sou o sol
Estou muito longe de você
Ilumino-te daqui mas não posso te ver
E você não pode olhar diretamente para mim

Agora eu sou a estrada,
Deixei de ser suas rodas
Não te levo mais onde você quer
Agora sou seu caminho.

E se você fracassar
Eu não vou estar mais para te aplaudir
E quando você tiver medo
Não enfrentarei o escuro com você

Mas quando você tiver tempo
E quando aquela canção tocar
Eu crescerei em seu coração
E você não estará mais sozinha.

sábado, 14 de agosto de 2010

Magia ou Ilusionismo

Eu preferia que fosse simples
Eu preferia que fosse real
Eu preferia que fosse a verdade
Já que a magia se foi

Eu queria um mistério mágico
Eu queria sonho impossível
Quis magia e tive ilusionismo
Tive ilusão querendo misticismo

Eu queria você aqui perto
E hoje quero você de longe
Mas ainda quero, longe que seja
Pois você está dentro de mim.

Eu criei você, e matei você
Você nunca foi para ninguém o que é para mim
No mundo real você mentiu
Mais de uma vez, e hoje eu sei

Não precisava, eu entenderia
Pesando a vida e a brisa fria
O vento assovia teu nome, feiticeira
Mas feiticeira sem magia é ilusionista.

domingo, 8 de agosto de 2010

Dia dos Pais (08 de agosto de 2010)

Eu queria começar sem nenhuma palavra
Eu queria que todos entendessem meus pensamentos
Eu queria uma chamada com os mortos
Ou que pelo menos ouvissem meus lamentos.

O que eu sei de mim não diz quem eu sou
O que diz quem sou é o que quero saber
E o que sei de você é o que ficou
Tudo aquilo que você não pôde dizer.

O dia dos pais não existe, hoje eu sei
Hoje é o dia dos filhos
Dia dos filhos amarem o calor paterno
E dos órfãos chorarem o frio.

Você é quem foi sem que eu pudesse ver
Você é quem me vem insistentemente
Você é o imortal dos meus pensamentos
Que morre toda noite na minha mente.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Melancólico indignado

Aqui estou novamente. Estrategicamente posicionado entre um ou outro raio de sol e a sombra da amendoeira no asfalto. As duvidas que sempre me fizeram bem, que sempre me fizeram sair em busca de algo novo, de um argumento forte. Agora me paralisam, em uma guerra de consciências minhas.

O que fazer?
O que ser?
Como entender a morte?
E a vida?
Palhetas ou unhas?
Aço ou aço?
Lucky Strike ou Carlton?
Stairway to heaven ou Highway to hell?

Deus ou a verdade? O que um tem a ver com o outro? Pra mim, Deus sempre foi magia, místicismo, sobrenaturalidade e sempre foi, do tamanho da imaginação de cada um.

Confuso?!
Rock! E eu fujo por alguns minutos, escapo por algumas notas musicais.

Preciso entender
Preciso entreter
Preciso merecer

Preciso de amor
Preciso de ódio
Preciso de algo
Eu não sinto nada!

Me pego flertando com as palavras, as seduzo, as violo, e crio “ Monstros Frankensteins” como esses. Pedaços de prosa, pedaços de verso, vocábulos e gametas. Filhos meus e delas, palavras.

Desafio Deus: eu também dei a vida.

E eu gostaria de acreditar
Mas sei que não é real
Eu queria ser normal
Mas detesto esse tédio
Eu queria que fosse fácil
Mas sou um gladiador
Eu queria que fosse o destino
Mas eu mesmo criei.