quarta-feira, 15 de julho de 2009

As novas escolas do crime

Liguei ontem a TV e me deparei com um debate sobre a redução da maioridade penal, questão que já vem sendo batida nos últimos meses tanto no Congresso Nacional quanto nas rodinhas dos que minimamente se informam.
Revemos então, o que nos levou a este tipo de discussão que ao meu ver é desnecessária, visto que se pensássemos com a mesma intensidade em educar melhor nossos jovens não seria necessário prende-los nem em reformatórios e muito menos em cadeias superlotadas.
Vamos a lei. Segundo o sistema jurídico pelo qual somos julgados, há três leis que regulamentam a maioridade penal no país: art. 27 do Código Penal ; art. 104 do ECA; e o art. 208 da Constituição federal. Os três asseguram a imputabilidade penal aos menores de dezoito anos, visto que alguém nesta fase não está pronto para responder pelos seus atos segundo o sistema biológico que não considera a capacidade psíquica do sujeito, somente sua idade.
O artigo 27 do Código Penal foi escrito em 1969, tempo em que alguém menor de dezoito anos não tinha mesmo condições de responder pelos seus atos, devido a pouca informação e a camuflagem que se fazia sobre a questão dos menores infratores. Mas hoje, 40 anos depois, o acesso a informação passou a ser banal, a mídia livre está em todos os lugares nos impedindo de nos "alienar" como no passado, e junto com essa informação vem crescendo também o número de jovens que praticam crimes nas cidades brasileiras. Quase todos os dias nos jornais encontramos um ou dois adolescentes presos por assalto, tráfico de drogas, sequestros e até assassinatos.
Nessas condições, não podemos mais ignorar a capacidade de raciocínio dos jovens, é verdade, mas daí a reduzir a maioridade penal como se essa fosse a solução: tentar criar uma consciência forçada sobre mais uma lei de repressão no país. É demais. O pior é que boa parte da opinião pública defende essa ideia que só nos atrasa, pois esse é o tempo em que devia ser pensada a educação, o lazer, o esporte para nossa juventude, não mais uma forma de repreende-la. Além disso seria ineficaz, visto que pode-se repreender os jovens de 16 que o tráfico alicia, mas o mesmo tráfico vai procurar nos jovens de 14 sua mão de obra. E aí? Redefine-se para 14 a maioridade penal? Leva-se crianças às escolas do crime que são as cadeias para que elas possam aprender com os mestres da contravenção de 30 anos? Não me parece muito lúcido.
Diante deste raciocínio eu compreendo que o "buraco é muito mais em baixo" nessa questão. E que o dinheiro que seria investido nas cadeias bancando mais uma leva de marginais agora mais jovens, seria muito melhor investido na educação ou mesmo na recuperação dos mesmos. Eu tenho 17 anos e não quero ser visto como cidadão consciente dos meus atos apenas nas eleições ou na na ora da punição. Eu quero educação e cultura, não mais responsabilidades e repressões.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Assim eu digo que te amo

Eu quero ouvir suas verdades
e lapidar seus diamantes,
Descobrir como você é bela
todos os dias, a todo instante.

Quero andar até me perder
e me encontrar na tua rua,
te encontrar todos os dias
na minha cama ou na tua.

Toda manhã de domingo
vou te acordar declarando
o amor que eu te dedico
e que vai se renovando

A cada beijo e a cada abraço,
a cada passo e descanço
que dou contigo ao infinito
a cada dia mais nítido,

A cada dia mais bonito
como o castanho do teu olhar,
o amor tão síncero
quanto minha voz roca ao acordar.

E todos os dias eu me lembro de você
E faço confissões ao travesseiro,
coisas que um dia te direi
quando te tiver por inteiro.

13 de julho


Mas uma manhã de segunda-feira
parecida com qualquer outra manhã desse ano.
Talvez até dos últimos anos.
Um café na esquina,
um cigarro no ponto de ônibus,
a sensação de inutilidade
e o conformismo de sempre.
Mas o vento frio desta manhã é diferente.
Acaricia minha pele
me trazendo aquelas vozes
E aquelas confissões
que nunca mais ouvi,
numa sequência quase real
como lembranças datadas
E dotadas do sentimento mais puro que há.

Nós passávamos por baixo da escada
em busca de uma bebida,
um som novo, uma nova droga
que aliviasse nossa sede de ir
para onde o sistema
não pudesse nos pegar.
Nunca mais!

Nunca mais fui até lá,
nunca mais os vi de novo,
e aos poucos
não conseguia mais tocar
minha guitarra assim,
As cordas dela se arrebentaram,
Meus sonhos se quebraram,
eu nunca mais me diverti
as sextas-feiras,
e o dia do Rock nunca mais
foi sexta-feira.

domingo, 12 de julho de 2009

Quando tem-se tudo, tem-se tudo para perder

Sempre me confundo com o mundo.
Às vezes acordo altruísta,
às vezes egoísta como o dono de tudo,
às vezes apenas vejo o dia passar.
E eu já vi este dia inteiro outras vezes,
como a repetição
de um dia cinza qualquer.
Um dia que acorda triste
e na angústia
as horas se arrastam
até a escuridão nos tomar,
e o céu põe-se a chorar,
embassando os vidros,
molhando as calçadas.
Quebrando o silêncio só pra eu ter
uma trilha sonora divina ao escrever.


Lágrimas salgadas,
tão transparentes quanto a chuva.
Mas que não carregam a mesma dor,
A mesma angústia.
Chore por mim, ó céu!
Para que eu não borre mais este papel
E para que eu siga meu caminho para o mar.
Para que minhas lágrimas salgadas
Se sintam em casa.
E não percam mais seu sabor ao se misturar.

sábado, 11 de julho de 2009

Meu lado esquerdo

Eu me rasguei ao meio
E me distanciei do lado esquerdo,
É ele quem sempre me machuca,
É ele que sempre dói.
Foi ele quem me fez olhar sua fotografia
E ouvir sua voz como naqueles tempos.
É ele quem me leva para o outro lado,
Ele me casou com a solidão,
Mas não conseguiu fazer minha mente mudar.
Eu continuo de pé.

Eu não acredito que seja tão ruim
Ficar sem ele e não te pedir pra ficar,
E assim sua voz não vai mais me afetar
Quem me dera não ter mais que esperar.
Ele me fez ser egoísta com o mundo
Enquanto cortava minhas veias por você

Hoje eu não me sinto vazio
Mas também não estou cheio do que você me deu.
Foi tão pouco que só me deixou o gosto
E a nostalgia que você me traz.
E o que você ainda me faz numa noite solitária
Ninguém mais será capaz fazer
Nem mesmo você.
Pois vou jogar meu lado esquerdo na fogueira
Que as suas fotografias vão alimentar.
Nesta poesia não ouve rima
Pois os sons repetidos não me merecem mais.